“…A "nova classe média" compartilhou, assim, da experiência cotidiana de imersão no mundo virtual que, devido à infraestrutura das plataformas, convergiu de diferentes maneiras com o neoliberalismo: a gestão do perfil nas redes sociais como valorização do portfólio de capital humano, a competição pela existência na economia da atenção, a customização e gestão da experiência de consumo pelos algoritmos, a v.12, n.3 Daniel Pereira Andrade 693 percepção de crise permanente desencadeada pela apresentação de eventos sucessivos que produzem fluxo de atenção, as metas corporativas de tempo de tela, a inflexão espaço-temporal que substitui a lógica linear do projeto pela pontual do imediato, o deslocamento da percepção de progresso por uma concepção de futuro calcada em um tempo distante e imprevisível controlado por forças inescrutáveis (mão invisível do mercado, algoritmos, concepções religiosas) etc. (Cesarino, 2021;Chun, 2016;Brown, 2015). O acesso à internet operou, assim, como um suporte digital para o governo neoliberal das subjetividades.…”