Objetivou-se investigar o perfil de usuários por raça/cor atendidos em um centro referência para tratamento de fissura labiopalatina no Rio de Janeiro. A coleta de dados ocorreu pelas informações extraídas do prontuário e da aplicação de um questionário aos pacientes ou responsáveis, quando necessário. Os dados foram tratados com testes estatísticos pertinentes. A maioria dos usuários era negra (71,6%), do sexo masculino (55,2%), na faixa etária de 0 a 3 anos (32,3%) e renda familiar de até 2 salários mínimos (61,2%) com número da mediana de membros da família de 4 pessoas. A fissura transforame incisivo foi a mais frequente (58,2%). Houve associação significativa entre sexo e tipo de fissura, com a fissura transforame predominando em homens (63,2%). O intervalo entre o nascimento e a primeira consulta foi mais prolongado para os usuários negros. Os resultados apontam para a urgência de intervenções precoces e equitativas. Tais medidas podem englobar iniciativas desde a conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce até estratégias voltadas à redução do tempo decorrido entre o nascimento e o acesso ao atendimento especializado. Limitações incluíram a incerteza na autodeclaração racial e o número menor de respondentes do que o estimado.