O percurso até os "Poemas da Negra"o assinalar a multiplicidade na criação poética de Mário de Andrade logo se pensa no verso "Eu sou trezentos, sou trezentos e cinquenta", abrindo Remate de males, em 1930. O gérmen dessa multiplicidade encontra-se em Paulicéia desvairada, livro marco do modernismo em 1922, no qual o poeta escolhe o traje do arlequim como metáfora da composição do próprio sujeito lírico, essa característica na criação poética de Mário de Andrade prolonga-se até o final da vida. Em fevereiro de 1945, em "A meditação sobre o Tietê", poema concluído às vésperas da morte do autor, o verso "Meu baile é tão vário que possui mil sambas insonhados!" pode ser entendido como prolongamento das propostas anteriores. Ao julgar que os recortes da poesia, metaforizada na roupa do arlequim, participam de um conjunto que é o da poesia multifária, destaco o losango negro que participa do colorido que compõe a criação do poeta.