“…Perde-se assim uma certa sacralidade que se tem sobre os enunciados de origem, ao quebrar com a hierarquia que vê a tradução como reprodução e impede que ela seja vista como criação; esta que, na verdade, é condição sine qua non do processo tradutológico, já que o re-enunciado deve conversar com as vozes contemporâneas 6 , além, é claro, daquelas que ressoavam em consonância ou dissonância quando da existência do enunciado original, extemporâneas. Em outros termos, considerando, assim como Minchin (2018), que a noção de equivalência entre o enunciado fonte e o enunciado traduzido não deve ser abandonada por completo, mas antes reinterpretada, compreendemos que o processo de tradução envolve uma relação tensa entre compreender, recuperar o enunciado fonte e produzir um novo enunciado na língua de chegada, considerando sua dimensão linguística e extralinguística. Daí, e noção de re-enunciado, um novo enunciado, que, contudo, mantém um vínculo indissociável com o enunciado da língua/cultura de partida.…”