O Convívio Entre Adolescentes Em Medida Socioeducativa De Internação

Abstract

O objetivo desta pesquisa é caracterizar o convívio entre adolescentes em medida socioeducativa de internação, a partir da perspectiva dos adolescentes. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com dez adolescentes entre 16 e 18 anos em uma unidade socioeducativa de Porto Alegre. Os dados gerados nas entrevistas foram organizados a partir de uma análise temática de perspectiva êmica, isto é, geraram-se categorias nativas de acordo com a percepção dos participantes. Os adolescentes revelaram que facções criminosas eram o ponto de partida para o estabelecimento de relações amistosas ou de rivalidade; também descreveram um conjunto de normas que configuravam um pacto coletivo a favor de uma ordem institucional. Relações de amizades foram descritas, indicando a confiança e a segurança como facilitador do momento de internação. Houve ainda o relato da ocorrência de relações sexuais consentidas como resultado do longo período de internação. Os resultados indicam, sobretudo, um clima interpessoal hostil que promove o sofrimento psicológico e agrava a situação de vulnerabilidade. Ademais, a convivência entre adolescentes ociosos sem o devido acompanhamento pedagógico favorece a perpetuação de valores e interesses relacionados ao envolvimento com a criminalidade.

Construções dialógicas possíveis entre o saber formal e dos adolescentes em conflito com a lei por intermédio da arte para promoção da saúde.

“…Quanto as dimensões negativas temos o eventual encorajamento de comportamentos desviantes. A pressão do grupo pode fazer com que os adolescentes ajam de maneira contrária às suas próprias convicções, como forma de se encaixarem e serem aceitos (BALBINOT et al, 2022).…”

Desenvolvimento de comportamentos antissociais em adolescentes em conflito com a lei: abordagens e perspectivas

“…Também é durante essa fase que se constitui a formação da autoidentidade, no qual os jovens buscam respostas para as questões relacionadas a quem são e quem gostariam de ser nos diferentes domínios da vida (SCHWARTZ et al, 2013). Assim, para que esses objetivos sejam alcançados, eles se distanciam das figuras parentais, e buscam se identificar e se relacionar entre os pares, compartilhando assim linguagens, sentimentos, práticas e valores sociais (BALBINOT et al, 2022;PERONDI;STEPHANOU, 2015). Portanto, nessa fase o adolescente busca referências externas para se diferenciar, como também precisa de aceitação dos pares para se sentir pertencente e se aliviar das angústias causadas por essa maturação (QUIROGA; VITALLE, 2013).…”