Psicologia, Saúde E Território: Experiências Na Atenção Básica

Abstract

A saúde mental é um nó-crítico para a gestão da Atenção Básica, convocada diariamente a acolher o sofrimento psíquico individual e coletivo contando com equipes mínimas. Pouco antes da VIII Conferência Nacional de Saúde, que estabeleceria bases para um novo sistema brasileiro de saúde, estruturava-se na periferia da cidade de Porto Alegre-RS um serviço de saúde comunitária antecipatório à Estratégia Saúde da Família, em que algumas equipes já contavam com psicólogos. Este artigo procura refletir acerca do atual lugar do psicólogo no nível primário de atenção, discutindo a experiência de mais de duas décadas de trabalho da psicologia como integrante de unidades de saúde daquele Serviço. Finalmente, discute o potencial da inserção da psicologia no nível primário ao considerar a complexidade de uma prática que envolve atenção, gestão, formação e participação, no processo de trabalho em equipe multiprofissional.

Pandemia Do Medo E Covid-19: Impactos Da Pandemia Na Saúde Mental

“…É necessário relativizar essas queixas, de modo que o trabalho do psicólogo se articule com o restante da equipe e amplie a assistência, não sendo apenas objeto de "terapia" (MEDEIROS, 2020).…”

A importância dos profissionais de Psicologia na Estratégia Saúde da Família: a experiência de uma psicóloga residente

“…Nesse sentido, a Psicologia pode construir, conjuntamente outros profissionais e com os usuários, demandas que emergem da queixa manifesta. 22 Nessa modalidade de cuidado, os atendimentos são realizados por equipes multiprofissionais e interprofissionais, sem esquecer das funções e especificidades de cada núcleo do saber. 23 Em casos de exploração sexual que chegaram às unidades de saúde, foram realizadas ações em conjunto com a rede intersetorial, buscando elaborar Projetos Terapêuticos Singulares (PTS), com o intuito de gerar um processo de transformação da situação de saúde dos sujeitos envolvidos, sempre com a participação das pessoas inseridas na problemática.…”

Indicadores do atendimento psicológico no ambulatório do Sistema Único de Saúde: Um estudo de caso

“…Estudos versam a atuação de psicólogos no SUS e indicam a predominância de práticas baseadas no modelo de atendimento particular, sem considerar a adequação entre expectativas, necessidades dos pacientes e a oferta de cuidado no SUS (Amaral & Escóssia, 2021;Cintra & Bernardo, 2017;Ferreira, 2010;Jimenez, 2011;Lima, 2005;Macedo & Dimenstein, 2011;Medeiros, 2020;Nepomuceno et al, 2021;Souza & Mendonça, 2020.). Esta abordagem tradicional, clássica e privada, negligencia outras possíveis ferramentas teóricas e técnicas mais adequadas, além de levar a críticas para a atuação do psicólogo no SUS (Souza & Mendonça, 2020).…”

“…A ineficácia dos atendimentos pode ser atribuída a vários fatores, incluindo: preconceitos que orientam a escuta dos profissionais e consequentemente suas práticas; conflitos nas representações de pessoa, de saúde, de doença e de corpo entre paciente e psicólogo; a seleção e hierarquização da clientela por profissionais; a psicologização dos problemas sociais; e uma formação acadêmica focada no modelo clínico tradicional voltado para atendimento particular (Camargo-Borges & Cardoso, 2005;Dimenstein, 2000;Jimenez, 2011;Medeiros, 2020) . Esses fatores prejudicam a formação do vínculo terapêutico e afetam a condução do processo psicoterapêutico, aumentando a percepção de exclusão nos pacientes que não atendem as expectativas do terapeuta (Benetti & Cunha, 2008;Cerioni & Herzberg, 2016;Dimenstein, 2000).…”