A Curva Volume-Tempo Obtida pela Ecocardiografia Tridimensional na Cardiomiopatia Chagásica: Análise do Mecanismo das Adaptações Hemodinâmicas

Abstract

Fundamento: A ecocardiografia tridimensional (ECO 3D) permite a geração de uma curva volume-tempo representativa das alterações no volume ventricular esquerdo (VE) ao longo de todo o ciclo cardíaco. Objetivo: O presente estudo tem como objetivo demonstrar as adaptações hemodinâmicas presentes na cardiomiopatia chagásica (CC) por meio das medidas de volume e fluxo obtidas pela curva volume-tempo por ECO 3D. Métodos: Vinte pacientes com CC e 15 indivíduos saudáveis foram incluídos prospectivamente em um estudo de desenho transversal. Realizou-se ECO 3D em todos os indivíduos e as curvas volume-tempo do VE foram geradas. O fluxo foi obtido pela primeira derivada da curva volume-tempo por meio do software MATLAB. A significância estatística foi definida com p<0,05. Resultados: Embora os pacientes com CC tivessem menor fração de ejeção do VE em comparação com o grupo controle (29,8±7,5 vs. 57,7±6,1, p<0,001), o volume (61,5±25,2 vs. 53,8±21,0, p=0,364) e o fluxo de ejeção máximo durante a sístole (-360,3±147,5 vs. -305,6±126,0, p = 0,231) mostraram-se semelhantes entre os grupos. Da mesma forma, o fluxo máximo na fase de enchimento inicial e durante a contração atrial mostrou-se semelhante entre os grupos. Um aumento na pré-carga expressa pelo volume diastólico final do VE (204,8±79,4 vs. 93,0±32,6), p<0,001) pode manter o fluxo e o volume ejetado semelhantes aos dos controles. Conclusão: Com uma ferramenta não invasiva, demonstramos que o aumento no volume diastólico final do VE pode ser o principal mecanismo de adaptação que mantém o fluxo e o volume ejetado no cenário de disfunção sistólica ventricular esquerda severa.

Use of Three-Dimensional Echocardiography in the Analysis of Ventricular Function in Chagas Disease

“…In that study, patients with Chagas disease had maximum systolic flow, peak flow during early LV filling, and peak flow during atrial contraction similar to patients in the control group, thus demonstrating, in a noninvasive manner, that the increase in LV end-diastolic volume was the main adaptive mechanism that made it possible to maintain flow and stroke volume in patients with severe LV systolic dysfunction. 25 Notwithstanding the increasing use of 3D echocardiography to estimate volumes and LVEF in various pathologies, to our knowledge, there are no studies that have specifically evaluated the superiority of 3D echocardiography in relation to 2D echocardiography in patients with Chagas disease, in relation to diagnostic capacity, classification in degrees of left ventricular systolic dysfunction, or in terms of prognosis of major cardiac outcomes, such as ventricular arrhythmias or mortality.…”

Emprego do Ecocardiograma Tridimensional na Análise de Função Ventricular na Doença de Chagas

“…Neste estudo, os pacientes com DC apresentaram fluxo sistólico máximo, fluxo de pico durante o enchimento ventricular esquerdo precoce e fluxo de pico durante a contração atrial semelhantes aos dos pacientes do grupo controle, demonstrando de maneira não invasiva que o aumento do volume diastólico final do VE é o principal mecanismo adaptativo que permite a manutenção do fluxo e do volume ejetado em pacientes com DC e disfunção sistólica ventricular esquerda acentuada. 25 Apesar da crescente utilização da ecocardiografia 3D para estimativa dos volumes e da FEVE em diversas patologias, não existem estudos, que sejam do nosso conhecimento, que avaliaram especificamente a superioridade da ecocardiografia 3D em relação à ecocardiografia 2D em pacientes com DC, tanto em relação à capacidade diagnóstica, de classificação em graus de disfunção sistólica ventricular esquerda ou em termos de prognóstico de desfechos cardíacos maiores como arritmias ventriculares ou mortalidade.…”