No Brasil, a obra da contista Amparo Dávila (1928-2020) pertence a uma lacuna no estudo sobre a literatura feita por mulheres do século XX, visto que a autora mexicana não possui tradução para a língua portuguesa. Para ampliar o corpus literário dos estudos que abarcam as narrativas de autoras do século passado, esse artigo analisará o conto “Tina Reyez”, publicado em Música Concreta (1964). Ao lidar com os tabus que cercam o despertar erótico e as percepções sensuais da “mulher comum” Tina Reyez, Amparo delineia e questiona as moralidades patriarcais interiorizadas pela protagonista do conto. A partir de uma metodologia qualitativa e exploratória, esse estudo buscará refletir sobre os valores sociais prescritos às mulheres que viveram durante a segunda metade do século XX, de acordo com a teoria de Luce Irigaray (2017) e Simone de Beauvoir (2009), bem como sobre o peso existencial para a personagem no contexto do patriarcado mexicano, de acordo com o artigo “¿Cómo ser sin límites? Análisis semiótico del cuento ‘Tina Reyez’, de Amparo Dávila” (2019), de Socorro García Bojórquez e María Edith Araoz Robles.