Limites e desafios das organizações de catadores: uma análise da ASMARE

Abstract

A última década registrou o significativo aumento de empreendimentos coletivos de materiais recicláveis. Em Belo Horizonte, a ASMARE, vista como uma experiência pioneira, tornou-se referência na articulação de novas organizações. Contudo crises econômicas e alternâncias governamentais impactaram a organização. Neste sentido, este artigo tem o objetivo de analisar a trajetória da ASMARE, evidenciando os limites e os desafios enfrentados em seu processo histórico de lutas e resistência. Em termos metodológicos, a abordagem qualitativa adotada englobou a realização de entrevistas semiestruturadas e a Análise de Conteúdo para a apreciação dos dados. Os resultados evidenciaram que a Associação enfrenta uma crise que não se restringe aos aspectos financeiros, uma vez que suas implicações têm impactado negativamente a formação política dos associados. Embora a cadeia de reciclagem brasileira seja reconhecida e admirada, contando com a atuação de várias empresas, associações e cooperativas, muitas vezes são os empresários e atravessadores que mais se beneficiam a partir de um ciclo vicioso de exploração do trabalho precarizado dos catadores. A trajetória de luta dos membros da ASMARE representa um importante marco para a história do movimento de catadores no Brasil, porém se depara com o constante desafio de sustentar as ações coletivas em uma sociedade marcada pela desigualdade e exclusão.

Associações recicladoras e sustentabilidade: estudo de multicasos de um município da Região Central do Estado do Rio Grande do Sul

“…Considerando a ausência de coleta seletiva na maior parte dos municípios brasileiros, entram em cena os catadores de materiais recicláveis, que geralmente reunidos em cooperativas ou associações são atores essenciais para ampliar o percentual de resíduos sólidos recuperáveis (Sousa, 2021). Silva (2016) menciona que a inclusão dos catadores por meio da implementação da PNRS exige que estes se reúnam de forma organizada e personificada juridicamente, para que então possam trabalhar pelo reconhecimento como prestadores de serviços de limpeza urbana e, assim sendo, perceber contraprestação adequada pelos serviços ambientais prestados.…”

“…Segundo Sousa et al (2021), percebe-se, nas organizações populares, uma ferramenta de grande valia para a melhoria da qualidade de vida das pessoas de forma sustentável, contribuindo para a manutenção do planeta.…”