Produção de biocombustível e alteração da composição agropecuária no Centro-Oeste do Brasil

Abstract

Este trabalho tem o objetivo de analisar a alteração da composição agrícola na região Centro-Oeste do Brasil, especificamente nos estados de Mato Grosso do Sul e Goiás, provocada pela significativa expansão do cultivo da cana-de-açúcar. O Modelo Shift-Share foi utilizado para calcular os efeitos escala e substituição das principais atividades em análise. Os resultados revelam que a dinâmica de expansão alterou a composição agropecuária das regiões estudadas, contribuiu para a redução da diversidade agrícola e para a diminuição de áreas produtoras de alimentos da cesta básica.

Fontes de crescimento da produção agrícola no estado de Mato Grosso do Sul entre 2006 e 2017

“…É importante observar que as culturas que tiveram suas áreas reduzidas no período de 2006 a 2017 foram, em grande medida, em decorrência do efeito substituição, com maior destaque para o sorgo, arroz e trigo, que juntos perderam 113.190 hectares de área cultivada, que foram incorporadas principalmente pelas culturas do milho e da cana-de-açúcar (Tabela 2). O crescimento da produção via incorporação de novas áreas já havia sido evidenciado na região Centro-Oeste (BITTENCOURT; GOMES, 2014) e em Mato Grosso do Sul (LOURENZANI; CALDAS, 2016;VERÃO;COSTA;FOREST, 2016;DEFANTE;VILPOUX;SAUER, 2018;BERNARDO et al, 2019) em estudos focados na cana-de-açúcar. Da mesma forma, em estudo realizado para o estado de São Paulo, Caldarelli e Gilio (2018) identificaram o efeito área como a causa principal do aumento do valor da produção canavieira no período de 2000 a 2015.…”

“…Além de poder responder a este questionamento, a carência de trabalhos com o perfil deste aqui desenvolvido também se apresentou como motivação para realização do mesmo, uma vez que foi encontrada reduzida literatura que analisou as fontes de crescimento da produção agrícola no estado de Mato Grosso do Sul (LOURENZANI; CALDAS, 2016;VERÃO;COSTA;FOREST, 2016;DEFANTE;VILPOUX;SAUER, 2018;BERNARDO et al, 2019). Além disso, essa literatura não contemplou a gama de produtos agrícolas analisados por este estudo, quais sejam: soja, milho, cana-de-açúcar, arroz, feijão, trigo, mandioca, algodão e sorgo, que somados responderam quase que pela totalidade da área colhida (98,55% em 2006 e 99,33% em 2017) e do valor total da produção (98,21% em 2006 e 98,97% em 2017) das lavouras temporárias e permanentes sul-mato-grossenses (IBGE, 2020).…”