2020
DOI: 10.17648/dilemas.v13n3.31668
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Violência e performance no chamado ‘novo cangaço’: Cidades sitiadas, uso de explosivos e ataques a polícias em assaltos contra bancos no Brasil

Abstract: Neste texto analiso uma modalidade de roubos e furtos contra agências bancárias que tem ocorrido em todas as regiões do Brasil, cuja característica principal é a truculência das quadrilhas nas abordagens dos alvos. Devido às afrontas ao poder público, à audácia e ao tamanho das quadrilhas, essas ações criminais têm sido chamadas por jornalistas, agentes e delegados de polícia de “novo cangaço”, em alusão aos grupos de sertanejos que, na primeira metade do século XX, percorriam o Nordeste e norte de Minas Gerai… Show more

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“…No contexto dos conflitos que caracterizam a chamada "violência urbana", o bandido figura como um personagem central para compreendermos a qualificação de determinados arranjos de força, que definem as possibilidades de a qualificar como "violência" -seja de forma moralmente negativa ou positiva; mas em geral é o primeiro caso. A disposição para o uso de sua modalidade física (tanto em uma forma corporal quanto em uma bélica) está presente na caracterização sociológica dessa categoria desde os primeiros estudos sobre o tema no Rio de Janeiro (Zaluar, 1985; Machado da Silva, 1993; Misse, 2022) -mas se espraia sobre vários outros contextos, como mostram vários autores (Feltran, 2011;Aquino, 2020). De forma geral, esses trabalhos demonstram que tanto a construção social da figura do bandido quanto as experiências subjetivas das pessoas assim representadas passam por um certo aprendizado do uso da força e pela construção de determinados arranjos dela, seja física (corporal ou bélica), psicológica, verbal, performática ou moral.…”
Section: Seres E Força Violência E Justiçaunclassified
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“…No contexto dos conflitos que caracterizam a chamada "violência urbana", o bandido figura como um personagem central para compreendermos a qualificação de determinados arranjos de força, que definem as possibilidades de a qualificar como "violência" -seja de forma moralmente negativa ou positiva; mas em geral é o primeiro caso. A disposição para o uso de sua modalidade física (tanto em uma forma corporal quanto em uma bélica) está presente na caracterização sociológica dessa categoria desde os primeiros estudos sobre o tema no Rio de Janeiro (Zaluar, 1985; Machado da Silva, 1993; Misse, 2022) -mas se espraia sobre vários outros contextos, como mostram vários autores (Feltran, 2011;Aquino, 2020). De forma geral, esses trabalhos demonstram que tanto a construção social da figura do bandido quanto as experiências subjetivas das pessoas assim representadas passam por um certo aprendizado do uso da força e pela construção de determinados arranjos dela, seja física (corporal ou bélica), psicológica, verbal, performática ou moral.…”
Section: Seres E Força Violência E Justiçaunclassified
“…No passo inicial desse empreendimento, Werneck, Teixeira e Talone (2020) analisaram a relação entre interpretações dos atores para o ente objetivo força e suas qualificações (representações) como algo que chamem de violência. Na continuidade de uma sociologia da violência que a recusa como conceito e a trata como objeto (Machado da Silva, 1993; Misse, 2022; Porto, 1999), 3 mas atenta ao ajustamento entre quadros abstratos e situações pragmáticas promovido pelos próprios atores sociais (enfatizando o tratamento pragmatista), o trabalho demonstra que esses atores operam várias gramáticas de definição do que seja violência, conforme modelizem o funcionamento do social -o que nos leva a reconhecer diferentes sociologias nativas da violência, segundo as quais as pessoas tratam diferenças de força dignas de nota como violência ou não e, na continuidade desse movimento, como violência integrada ou inaceitável. Naquele texto, mostramos que "a violência passa a ser entendida como um par metafísico-pragmáticotornando-se um interpretante, no sentido de Peirce (1977b/1897)" (Werneck et al, 2020, p. 314), isto é, ela é o elemento da significação estabelecedor da lógica da relação entre forma e conteúdo -nesse caso, entre ações concretas e visões de mundo e mais concretamente entre manifestações da força e sua qualificação como algo violento.…”
Section: Introductionunclassified
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“…Mas, no âmbito de seu próprio grupo, mulheres de presos têm que provar que fecham com eles, que estão na "caminhada", 21 que são fiéis, que têm proceder (AQUINO, 2017;BIONDI, 2009;DIAS, 2013;DUARTE, 2015DUARTE, , 2020LAGO, 2019;PADOVANI, 2015;SILVESTRE, 2012). Enfim, há a necessidade de afirmação de sua condição para o pertencimento ao grupo.…”
Section: De Outubro De 2018unclassified
“…Diferentemente, agrupamentos não territorializados foram o tema de pesquisa de Aquino (2010), que abordou a experiência de redes e performances de coletivos constituídos para realização de assaltos a banco. Ribeiro de Oliveira (2014), em sua pesquisa junto a mulheres encarceradas ou em liberdade assistida em Recife, discute a participação de mulheres nesses coletivos, mas também em outros crimes.…”
Section: O Acúmulo Do Norte E Nordesteunclassified