A pandemia Covid-19 gera impactos importantes na população mundial desde o início de 2020. As preocupações referentes ao abastecimento alimentar, notadamente das populações mais vulneráveis, ganharam destaque por parte de entidades internacionais, de órgãos públicos brasileiros, de pesquisadores e da sociedade civil. As dificuldades em responder à crise instaurada, especialmente pelo desalinhamento das ações amortecedoras nas diferentes esferas de poder brasileiras, agravadas por ameaças à democracia, compõem um quadro de ausência de plano público eficiente para a segurança alimentar e nutricional. Neste contexto, a agricultura urbana e periurbana (AUP), aliada a iniciativas fundamentadas na solidariedade alimentar, emerge como estratégica para o acesso ao alimento nas regiões urbanizadas mais vulneráveis, permitindo a manutenção de renda dos agricultores. O presente artigo visa lançar luz às diferentes ações de abastecimento alimentar no município de São Paulo no auge da pandemia, considerando especialmente novas dinâmicas em torno de sete agricultores urbanos e perirubanos paulistanos, representativos de situação nas principais regiões de produção em São Paulo. Além da articulação social entre diferentes grupos solidários do município, o papel dos circuitos curtos de proximidade na manutenção da produção local e na garantia do consumo alimentar de populações em situação de insegurança alimentar é destacado aqui, em quadro de grande insuficiência de políticas emergenciais de SAN.