Resumo Eu, nós... ELAS quilombolas, documentário que aborda a identidade quilombola e o direito à vacinação contra a COVID-19, faz emergir noções como prioridade, direito, privilégio e identidade durante o processo que precisa vincular os números de doses a braços de cidadãos. No Brasil, diante da omissão do governo federal, fundamentada na necropolítica e no negacionismo, a falta de informações levou as comunidades quilombolas a se responsabilizarem pela construção das listas de aptos a receberem a vacina. O objetivo da produção foi utilizar as imagens como linguagem política na área da saúde, documentando e dando visibilidade para essas questões, como ilustração de processos de enfrentamento das desigualdades e iniquidades sociais e de saúde pautadas no racismo estrutural. Ao associar ciência e arte, o método de produção audiovisual, entrelaçado com os referenciais da sociologia das imagens, da antropologia visual e dos dispositivos de produção e estética de Coutinho, emergiram três categorias: o eu, o nós e o elas. Este artigo apresenta as categorias que embasaram a construção narrativa do documentário a partir das potencialidades das imagens, que se apresentaram como dispositivo político-pedagógico antirracista, tanto durante o processo de produção quanto ao longo das exibições públicas.