Por um modelo analítico no estudo dos enquadramentos midiáticos a processos de mobilização

Abstract

Resumo O estudo aborda a temática dos enquadramentos midiáticos da ação coletiva. Especificamente, trata-se de um estudo metodológico, guiado pelo seguinte questionamento: como desenvolver um modelo analítico que garanta precisão conceitual e rigor metodológico para o estudo dos enquadramentos midiáticos a processos de mobilização? Para tanto, o trabalho discute o conceito de enquadramento midiático e, em seguida, apresenta a construção empírica de um modelo analítico, com base na cobertura de jornais de Porto Alegre (RS) sobre o ciclo de protestos de 2013 na cidade. Por fim, são demonstrados os avanços teórico-metodológicos resultantes da utilização do modelo desenvolvido.

Se a Tarifa Não Baixar, a Cidade Vai Parar: O Esboço De Uma Greve Da Cidade Nas Manifestações De Junho De 2013

“…Após a massificação e difusão de pautas, os editoriais desses veículos deixam de rejeitar e criminalizar as demandas e formas de protestos, passando a defendê-las desde que utilizassem de repertórios pacíficos e focassem também nas ditas pautas anticorrupção. Aquele ciclo de protesto já foi estudado por diversos(as) pesquisadores(as) e com diversos enfoques (INTERVOZES, 2014;BELTRAME, 2017;FERNANDES;TEIXEIRA, 2018). Ilustra essa virada o momento icônico em que o apresentador Datena, na Rede TV, se surpreende com a votação da maioria de seu público favorável a "protestos com baderna" mesmo alterando diversas vezes a pergunta para alterar o resultado.…”

Imagem e contestação: regimes emocionais no enquadramento midiático a eventos de protesto

“…interpretativa entre diversos atores (veículos midiáticos, ativistas, governos) em torno do sentido dos protestos (Fernandes, 2016;Teixeira;Fernandes;Silva, 2020).…”

“…A literatura que se debruçou sobre a cobertura midiática do ciclo de protestos de 2013 aponta, de modo geral, que os grandes veículos de mídia corporativa inicialmente se posicionaram no sentido de questionar a legitimidade dos protestos, enfatizando a adoção de táticas violentas por alguns manifestantes. Durante o mês de junho, com a multiplicação de pautas e de atores nas ruas (por exemplo, atores vinculados a um espectro político que poderia ser chamado genericamente como "conservador" 5 ), ocorreu uma mudança interpretativa, e diversos veículos inicialmente opostos aos protestos passaram a demonstrar apoio a causas e, no limite, a construir as pautas dos eventos (Lima, 2013;Araújo, Alves Filho;Nunes, 2014;Cammaerts;Jiménez-Martínez, 2014;Moraes, 2015;Fernandes, 2016;Teixeira, Fernandes;Silva, 2020).…”