Pesquisa em atividade física e saúde: a urgência de uma epistemologia decolonial

Abstract

RESUMO O objetivo do presente ensaio é refletir acerca da ideia de uma condição colonizada das investigações em atividade física e saúde, bem como, sobre a urgência de uma agenda decolonial para o desenvolvimento de pesquisas nesta área. Assumimos que o método epidemiológico hegemônico tem sido reproduzido acriticamente e de forma submissa. Propomos, assim, romper com a colonização deste saber epidemiológico do Norte global para resolvermos nossos próprios problemas de pesquisa. Para tanto, entendemos ser urgente refletirmos sobre uma epistemologia decolonial que não esteja atrelada à perspectiva dos fatores de risco, escute com as demandas das populações, bem como, contribua para superar as iniquidades nas quais as populações estão expostas.

Epistemologia Da Ciência De Thomas Kuhn E a Educação Física No Brasil

“…Em uma ideia similar, Palma (2001) desenvolve seu estudo abordando a transformação do corpo em "objeto" e a exploração de toda a gama de fatores associadas ao status quo da aparência. Outro ponto supracitado pelo autor a associação da saúde à imagem corporal alimentado por um paradigma de saúde vigente, em que a EFB corrobora em sua construção.…”

“…Em contrapartida, o autor reitera a importância do rompimento desse sistema que se retroalimenta e apresenta uma visão fragmentada de saúde. Essa dinâmica, de acordo com Palma (2001), inibe o interesse da comunidade científica para o desenvolvimento de pesquisas em outros campos de saberes como as ciências humanas.…”

“…Transformando o corpo, ou seja, a sua imagem corporal em produto, associando-a a fatores relacionados ao fascínio, à sedução, ao prazer, à sexualidade, sempre correlacionados através de padrões estéticos. Essa ação ocorre por uma complexa rede de sentidos que mobilizam ao corpo hábitos e fantasias muitas vezes extravagantes na tentativa de corresponder a um "status quo" necessário aos padrões disseminados pela sociedade de consumo (PALMA, 2001).…”

“…O autor destaca também que a dualidade entre a visão de corpo como "objeto" e a ideia de saúde também perpassam pela compreensão do que é saúde no momento histórico analisado. Embora haja certo consenso da comunidade acadêmica sob os conceitos de saúde, a visão de mundo alicerçada no capitalismo infiltrado em todos os segmentos do tecido social, caracteriza-se como um paradigma kuhniano de saúde, pois seus valores são partilhados pela comunidade científica (PALMA, 2001). Nesse sentido, aceite de artigos e trabalhos enviados para congressos e revistas científicas estão sujeitos à rejeição se não corroborarem com o "paradigma" vigente.…”

“…Outro ponto que deve ser considerado é o contexto histórico-cultural do objeto de estudo e suas correlações diante do paradigma vigente do corpo-saúde, de modo que fatores observem toda gama de critérios que envolvam o desenvolvimento humano como um referencial mais adequado de saúde e de qualidade da vida das pessoas. Rompendo, assim, com a reducionista percepção de que a simples prática de atividade física seja sinônimo de saúde (PALMA, 2001).…”