ResumoEsse trabalho apresenta uma revisão do papel que os besouros (Insecta, Coleoptera) desempenham na Entomologia Forense. Discussões sobre ocorrência em cadáveres humanos e carcaças animais, estimativas de Intervalo Pós-Morte (IPM), estudos realizados no Brasil e em outros países, principais famílias de importância forense e aspectos biológicos, ecológicos e biogeográficos das espécies são apresentadas.Palavras-Chave: Intervalo Pós-Morte; Coleoptera; Dermestidae; Cleridae.
AbstractThis paper presents a review of the role of beetles (Insecta, Coleoptera) in Forensic Entomology. Discussions on presence in human cadavers and animal carcasses, estimates of Postmortem Interval (PMI), studies carried out in Brazil and other countries, families of forensic importance and biological, ecological and biogeographic aspects of the species are presented.Keywords: Postmortem Interval; Coleoptera; Dermestidae; Cleridae.
INTRODUÇÃOOs insetos, grupo biológico mais abundante e diverso da Terra, podem ser encontrados em uma ampla gama de ambientes, incluindo os locais de crime [1]. Tal fato fornece suporte à Entomologia Forense, área que estuda os insetos e outros artrópodes, associados, principalmente, aos locais de crime e cadáveres [2]. Entre os objetivos mais bem estudados desta ciência está a determinação de como, onde e, em especial, quando a morte ocorreu a partir das informações retiradas dos insetos encontrados no cadáver ou próximos a ele [3,4].Os insetos são geralmente os primeiros a encontrar um corpo em decomposição, atraídos pelos odores e gases liberados após a morte, utilizando esse recurso para alimentação, reprodução e desenvolvimento da prole [5,6]. A partir desse comportamento e da biologia e ecologia dos insetos imaturos e adultos associados pode-se estimar o intervalo pós-morte (IPM), intervalo entre a morte e o encontro do cadáver, o qual pode ser mínimo (IPMmin) ou máximo (IPMmax) [7]. O IPMmin pode ser estimado a partir da análise do comprimento ou peso das larvas encontradas ou do tempo que as larvas mais velhas precisam até o desenvolvimento do adulto, considerando, em ambos os casos, temperatura e umidade relativa semelhantes às da cena do crime [8,9]. Já na determinação do IPMmax, compara-se a fauna encontrada no cadáver com a sucessão observada em estudos realizados em habitats e sob condições climáticas mais semelhantes possíveis [10,11].Além dessa contribuição mais importante e recorrente, os insetos podem ser utilizados como indicadores de movimentação pós-morte [12], na localização de região produtora e rota de tráfico de drogas [13], na confirmação de hipótese de negligência a menores e idosos [14,15] e nas investigações de morte por overdose de drogas, venenos ou medicamentos, especialmente em corpos esqueletizados ou em decomposição avançada [16]. Até mesmo a ausência de insetos pode ser ferramenta útil em investigações criminais. Assim como a presença de apenas um ou poucos táxons, que pode refletir circunstâncias especiais da morte que impediram a colonização normal dos insetos [17].Moscas...