Nesta edição da Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI), Arrieta et al. 1 , do IMIP (Recife, PE), demonstraram uma experiência inicial animadora com a utilização da via axilar obtida por punção como acesso arterial alternativo para procedimentos intervencionistas em cardiopatias congênitas. Além de ter sido segura, a despeito de um pneumotórax que pode e deve ser evitado em intervenções futuras, essa via facilitou a realização de intervenções sabidamente difíceis do ponto de vista técnico, como são o implante de stents no canal arterial e na anastomose de Blalock-Taussig e a valvoplastia aórtica. O uso da via axilar possibilitou a obtenção de imagens angiográficas adequadas por meio de injeções através do braço lateral de introdutores de baixo perfil (4 F em sua maioria). Além disso, e de forma mais importante, resultou em uma trajetória mais favorável até as lesões-alvo, com facilidade de progressão e estabilização de fiosguia e cateteres. Tal vantagem é de suma importância em neonatos e lactentes gravemente enfermos, nos quais a agilização dos procedimentos terapêuticos com redução do tempo de cateterismo está associada a melhores desfechos clínicos.O planejamento meticuloso do cateterismo terapêutico em neonatos e pequenos lactentes começa muito antes do procedimento. O diagnóstico preciso da anatomia de base pela ecocardiografia e a noção exata da orientação espacial das estruturas vasculares (extrapolação tridimensional) são fundamentais nos casos em que o implante de stents no canal arterial está contemplado para cardiopatias cujo fluxo pulmonar é dependente do mesmo. A variabilidade da origem do canal e de seu trajeto é extremamente ampla e a apli-
Ver artigo relacionado na página 443cação de uma estratégia padrão para todos os casos torna-se impossível na prática. Por isso, cada caso deve ser individualizado e a via axilar obtida por punção pode ser uma solução literalmente à mão do intervencionista. Talvez, em alguns desses casos, a via carotídea também poderia ter sido utilizada para facilitação do procedimento, mas apresenta como desvantagens a necessidade da presença do cirurgião cardíaco ou vascular na sala de hemodinâmica e o potencial de dano vascular local com comprometimento do fluxo cerebral ipsilateral. Como a circulação contralateral pelo polígono de Willis não está presente em 100% dos casos, alguns desses pacientes podem estar sob risco de complicações neurológicas. A via axilar vem resolver essas limitações, inclusive podendo ser aplicada para doenças mais frequentes, como a estenose aórtica valvar.Há muito tempo os intervencionistas discutem vias de acesso alternativas para viabilização de procedimentos terapêuticos menos usuais ou mais difíceis tecnicamente. Ideias e soluções criativas culminaram com o uso de rotas mais curtas, seguras e eficazes para a abordagem de lesões desafiadoras.2,3 O intervencionista moderno deve estar atento a essas alternativas, mantendo uma atitude aberta, reprogramando-se e adaptandose quando necessário. Arrieta et al.1 , partindo da premissa de que...