Resenha FREITAS, M.; DANTAS, M. (Org.). Diversidade sexual e trabalho. São Paulo: Cengage Learning, 2012. 379 p.
TRABALHO, GÊNERO E DIVERSIDADE SEXUAL: MÚLTIPLAS CONTRIBUIÇÕES POR UMA ABORDAGEM PLURALpor José Luis Felicio Carvalho* A presentado como uma idéia que brotou de uma conversa ocorrida em uma mesa de bar na cidade de Copenhagen, em 2009, o livro "Diversidade Sexual e Trabalho", organizado por Maria Ester de Freitas e Marcelo Dantas, anuncia seu propó-sito como o de analisar a temática retratada em seu título "a partir de múltiplas perspectivas, por acadêmicos renomados em seus campos de atuação, (...) com o compromisso de lançar um olhar novo, ousado, original sobre a questão, buscando ultrapassar os ranços, as mágoas, as discriminações, os estigmas e os preconceitos" (p. VIII). Para buscar fazer jus a essa ambiciosa proposta, os autores recorrem a um expressivo conjunto de acadêmicos brasileiros, identifi cados primordialmente -porém não exclusivamente -com o campo do conhecimento em Administração, para confeccionar uma obra em doze capítulos divididos em duas partes.A primeira parte do livro, intitulada "Orientação Sexual e Trabalho", reúne textos classifi cados pelos autores como mais genéricos, por meio dos quais se pretende analisar a orientação sexual frente ao contexto social mais abrangente. Nessa parte, encaixam-se os poucos capítulos do livro dedicados a explorar a diversidade sexual além dos estudos de gênero mais focados no binômio homem heterossexual versus mulher heterossexual, nomeadamente textos que gravitam em torno de questões relacionadas a gays masculinos, travestis e transexuais -quase nada se fala acerca de lésbicas ou de outras diversidades sexuais minoritárias. Na segunda parte do livro, denominada "Um Agir Sexual no Trabalho?", levanta-se a perspectiva de explorar profi ssões específi cas que, ao longo do tempo, fi caram marcadas por estereótipos de gênero. Essas profi ssões são: donas(os) de casa e cozinheiras(os), profi ssionais acadêmicos, policiais e peritos, acadêmicos novamente, artesãs(ãos) e gerentes.A tarefa de reunir um coletivo forte de intelectuais focados em explorar uma problemática tão complexa sob ângulos distintos, talvez, tenha levado os organizadores da obra a selecionar, dentre excelentes textos, alguns capítulos que trazem contribuições difusas e que empreendem esforços duplicados, principalmente no que tange aos trabalhos que compõem a segunda parte do livro. O capítulo assinado por Lívia Barbosa, por exemplo, intitulado "Os donos e as donas da cozinha", comporta discussões interessantes sobre gastronomia, estetização da cozinha e alimentação na contemporaneidade, mas avança muito pouco no problema da divisão entre os gêneros no que concerne ao trabalho doméstico. Ademais, há dois textos que versam sobre os gêneros e a profi ssão acadêmica: o capítulo produzido por Maria Ester de Freitas e aquele escrito por Sylvia Constant Vergara e Ana Paula Cortat Zambrotti Gomes. Ainda que, isoladamente, cada um desses dois textos tenha sido redigido de forma envolvente...