Devir-loucura no rádio: uma experiência em saúde mental

Abstract

Este texto pretende apresentar esboços de uma pesquisa que se realiza a partir de uma experiência de produção de rádio em saúde mental - Coletivo de Rádio Potência Mental -, discutindo alguns aspectos referentes às especificidades do seu processo de produção discursiva, assim como o estatuto da loucura no seu fazer. O programa é produzido por quem chamamos de "diagnosticados", pessoas com diagnóstico psiquiátrico, e estudantes e profissionais de Psicologia e Comunicação Social, diagnosticados ou não. As discussões são disparadas pelo que se configura como uma cartografia do Coletivo de Rádio, inspirada no pensamento de Deleuze e Guattari, através da qual se assiste ao transcorrer de uma pesquisa que se utiliza da mesma experiência de coletivo que se faz sujeito, objeto e método da investigação para cunhar uma noção de devir-loucura que transpõe a linha da loucura da interioridade dos diagnosticados para carregar todo o processo de produção radiofônica em direção ao Fora.

Saúde mental, resistência e cidadania: relato de experiência de uma rádio antimanicomial

“…Aqui, demonstra-se o caráter democrático da comunicação alternativa tanto no divulgar de ações subversivas de resistência como no escape de temas pré-estabelecidos à própria mídia tradicional informativa 25 .…”

“…Importante destacar, porém, que iniciativas como a Rádio Se Liga Aí podem ser aliadas no processo de desconstrução de estigmas e preconceitos, espalhando informação e promovendo cidadania aos seus participantes. Aqui, concorda-se com experiências prévias, como a Rádio Potência Mental, de Porto Alegre, que em seu relato já evidencia a ampliação nos modos de habitar por meio das plataformas radiofônicas; essas se constituem como interessantes aliadas no movimento de democratizar discursos e a própria luta antimanicomial, ocupando de forma revolucionária os meios de comunicação, especialmente no que diz respeito ao meio alternativo, de produções engajadas na resistência política e descentralização de informação 25 .…”