O que se aprende além das letras: um estudo sobre a alfabetização de pessoas idosas

Abstract

Com o objetivo de refletir sobre a importância da manutenção de espaços educativos que atendam às necessidades e desejos de pessoas idosas que têm interesse de participar de ações educativas não-formais, este artigo apresenta alguns dos resultados obtidos em pesquisa de Mestrado conduzida pela metodologia de pesquisa-formação História de Vida, realizada com um grupo de sete educandas idosas, com idades entre 60 e 73 anos, do Programa Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos - MOVA-Guarulhos. Expõe e analisa as razões pelas quais tais sujeitos não se alfabetizaram em outras fases da vida e resolveram, na fase idosa, integrar um núcleo de alfabetização onde convivem com pessoas de todas as faixas etárias acima dos 16 anos. Evidencia as conquistas observadas pelos próprios sujeitos diante de suas experiências como pessoas em processo de alfabetização, muitas delas que extrapolam o âmbito da aprendizagem da leitura e da escrita, especialmente aquelas relacionadas ao desenvolvimento da oralidade e os ganhos na convivência social dela decorrente de variadas formas. Conclui que a frequência ao núcleo de alfabetização contribui para a formação do sujeito, proporcionando algumas conquistas pessoais que não são diretamente relacionadas com o domínio da leitura e da escrita - fato que deve ser considerado para o aprimoramento das ações educativas voltadas ao público idoso.

Educação, cognição, canto coral e a pessoa idosa

“…A discussão sobre a alfabetização e letramento de pessoas idosas no Brasil é muito importante pois além de um direito é um marco no rompimento de opressões, afinal muitas das pessoas idosas de hoje não puderam estudar formalmente durante sua infância e adolescência por inúmeros fatores familiares e ainda há casos de mulheres idosas que na vida adulta foram impedidas por seus maridos de estudarem (Costa, 2011). Costa (2011) ressalta que para pessoas idosas a motivação em serem alfabetizadas vai além das hipóteses mais comuns quando se pensa em alfabetização, como para poder melhor se comunicar, locomover, ler a bíblia, pelo fato de saber ler e escrever, entre outros, sendo estes uma redução simplista do ato de estudar, a autora constatou que independente dos fatores que não permitiram a alfabetização em idade mais nova, para a pessoa idosa a redescoberta da linguagem oral está relacionada a reconstrução identitária, ou seja, por mais que ler e escrever seja importante o fato de ter uma fala não estigmatizada é o mais importante.…”