ResumoEste artigo analisa a temática da violência familiar. Busca-se investigar, por meio da linha americana de comparatismo como método de análise e também utilizando noções de intertextualidade, de que forma a violência familiar é abordada em dois gêneros literários, um miniconto e um romance, e em dois gêneros não literários, duas charges. Pretende-se averiguar a intencionalidade desses objetos para com o leitor: chocar, fazer refletir, criticar ou sensibilizar. Tem-se como objetos de estudo um miniconto, de Flora Medeiros, o romance "Becos da Memória", de Conceição Evaristo, e duas charges, uma de Janilton Nunes e outra de Arionauro da Silva Santos. Por meio do estudo realizado pode-se perceber que os agressores, geralmente, são os pais, cuja função seria garantir a segurança e a afetividade dos seus filhos. Ademais, destaca-se que a temática da violência está presente no cotidiano e na constituição da sociedade brasileira.Palavras-chave: Violência Familiar. Literatura. Gêneros Literários. Gêneros não-Literários. Intertextualidade.
Abstract
This article examines the topic of family violence. The aim is to investigate, through the Comparatism American line as an analysis method and also using notions of Intertextuality, how the domestic violence is approached in two literary genres, a Flash fiction and a novel, and in two genres, non-literary, two chargers. The aim is to ascertain the intention of those objects to the reader: to shock, to make them reflect, criticize or raise awareness. It has as study objects a Flash fiction, byFlora Medeiros, the novel "Becos da Memória", , by Conceição Evaristo, and two charges, one by Nandi and Janilton Nunes and the other by Arionauro da Silva
IntroduçãoO tema da violência vem sendo abordado no Brasil não há muito tempo. Porém, em curto prazo já se descobriu que esta situação é algo enraizado, sendo que desde a época da colonização os atos violentos fazem parte do cotidiano brasileiro, mesmo antes desse local ser chamado de Brasil. A violência, conforme Ginzburg (2012), é algo constitutivo da sociedade brasileira. Como prova disso, o autor elabora um cronograma que auxilia na percepção em cada fase da sociedade brasileira, que inicia no processo colonial e segue até os dias de hoje.O processo exploratório colonial, a organização predatória imperialista, o genocídio indígena, o tráfico negreiro, o cotidiano escravocrata de penalizações e mutilações, o patriarcado machista, os estupros, os linchamentos, os fanatismos religiosos, os abusos policiais, a truculência militar, agressões ligadas a preconceitos de raça, religião, orientação sexual, agressões a crianças, torturas em prisões (GINZBURG, 2012, p.241).Nota-se que mudam as formas de violência, mas esta continua presente. Algumas formas como o estupro, o abuso policial, o preconceito racial e orientação sexual, mesmo que camufladas, continuam sendo plano de fundo da sociedade brasileira. Alguns noticiários de fim de tarde, independentemente da emissora, trazem somente notícias de violência que se tornam cada vez mais c...