O conceito de valoração nos estudos do círculo de Bakhtin: a inter-relação entre ideologia e linguagem

Abstract

O presente ensaio objetiva discutir o conceito de valoração nos escritos do Círculo de Bakhtin. Para tanto, revisitamos as obras do Círculo, procurando demonstrar a relação constitutiva desse conceito com os de ideologia e linguagem. A pesquisa nos conduz a entender a valoração como índices sociais de valor e a ideologia como o horizonte axiológico do discurso, além de entender os enunciados e os gêneros como materialização da valoração e da ideologia. O estudo constrói-se essencialmente por meio de revisão bibliográfica e busca colaborar para o entendimento do conceito de valoração e sua relação com os de ideologia e linguagem, dentre outros que se engendram na obra bakhtiniana.

O estudo dialógico da valoração

“…Em um primeiro momento, a ideia inicial é uma retomada das vozes de V. Volochínov, P. Medviédev e M. Bakhtin e esse revisitar assume-se como um caminho, uma possibilidade, uma sugestão de leitura (do conjunto da obra do Círculo) em relação a apreender o conceito de valoração/avaliação social na perspectiva dialógica. Em um segundo momento, apresentamos estudos prévios realizado por Rodrigues e Acosta Pereira (2014), por mos cinco excertos do ensaio "A construção da enunciação", de Volochínov (2013): 3 (i) todo enunciado, além da orientação social, encerra em si um sentido, um conteúdo [...] (ii) todo enunciado efetivo e real é dotado de um sentido. Contudo, se tomarmos um enunciado qualquer, o mais comum (modelar), nem sempre podemos de imediato empreender o seu sentido.…”

“O tambor fala, a palavra cria”: ressonâncias valorativas no ladrão de Marabaixo Aonde tu vai rapaz

“…De acordo com essa compreensão, o conceito de juízo de valor, para o Círculo, é referente ao de valor ideológico, uma vez que cada sujeito enuncia e avalia a partir de sua posição ideológica (PEREIRA; RODRIGUES, 2014;MENEGASSI;CAVALCANTI, 2020). Logo, o juízo de valor não reflete a individualidade do sujeito, mas reifica o corpóreo social que lhe dá seguridade em sua existência.…”