Dentre os anos de 1873 e 1876 Nietzsche publicou quatro livros que denominou como Considerações Intempestivas. Conforme o filósofo atesta em suas cartas, elas deveriam ser treze, mas no final escreveu apenas quatro delas, que são respectivamente: David Strauss, o confessor e o escritor(DS); Da utilidade e desvantagem da história para a vida (HV); Schopenhauer como educador (SE) e Richard Wagner em Bayreuth (WB). No percurso a seguir serão avaliadas as reflexões de Nietzsche presentes no primeiro destes trabalhos visando indicar elementos relacionados a uma educação extemporânea e como esta perpassa pela questão estética. Nessa Intempestiva, o intelectual que prefigurava o filisteu da cultura para Nietzsche era David Strauss. Esse teólogo e exegeta fazia, segundo ele, confissões sobre a cultura filisteia de duas maneiras: pela palavra e pela ação, palavra de crente e pela ação de escritor. O fato de ele ter feito uma confissão pública de fé significa que depositou neste acontecimento grande importância. Na interpretação do filósofo alemão, o autor, ao rebater o que denominará de velha fé, terminará por confessar uma nova, não baseada nos princípios tradicionais, mas movida pela característica central da intelectualidade alemã fortemente influenciada pelo hegelianismo e por afirmar uma religião racional. Estudaremos, perpassando a obra em questão, como Strauss é utilizado por Nietzsche como lente para enxergar a sociedade decadente do seu tempo, como se fosse um espelho que reflete e escancara aquilo que ela tem de distante de uma perspectiva educativa e artística.