IntroduçãoAs mudanças recentes da distribuição de renda no país têm alterado as desvantagens de recompensas das pessoas situadas na base da estrutura social. Este estudo explora as possibilidades que um enfoque de classe social, centrado na ideia de controle de recursos valiosos, pode oferecer para o entendimento dos processos de privação relativa na ampla e heterogênea base da estrutura social brasileira. Levando em conta a importância do desenvolvimento e da elaboração teórica no tratamento da realidade empírica, são consideradas as reflexões e os enfoques da questão da pobreza que valorizam, de algum modo, os planos das relações sociais, da estruturação das oportunidades e das capacidades dos atores. São incorporadas ao debate teórico, igualmente, abordagens sociológicas ou * Doutor em sociologia e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF /Juiz de Fora/MG/BR). As investigações que realiza sobre classe social, raça, gênero, renda e saúde no Brasil têm sido publicadas nos principais periódicos de Ciências Sociais do país. josealcidesf@yahoo.com.br. econômicas da pobreza que destacam o papel do controle de ativos. Revisa-se a maneira como a noção de classe social tem sido utilizada para a abordagem deste problema na sociologia contemporânea. Realiza-se com esta finalidade uma caracterização dos agrupamentos de trabalhadores tí-picos e das posições de classe destituídas no Brasil (SANTOS, 2005(SANTOS, , 2010(SANTOS, e 2014.São avaliadas as mudanças nas chances relativas (odds ratio) dos integrantes das categorias de estar numa situação de pobreza de renda e de pobreza de recursos. A evolução dos riscos absolutos e relativos de ser pobre envolve uma articulação entre desvantagens dadas, meios mobilizáveis e fatores protetivos desigualmente distribuídos entre as categorias. A estrutura da desigualdade existente pode fazer com que os progressos realizados, ou as situações negativas encontradas, não se distribuam de modo a