“…Assim, o campo em tensão tendeu a responder com a desqualificação da denúncia ou daqueles que geram os programas e questionam os valores do texto em questão, como foi o caso de Luft (2010), contestando a denúncia em si, e Vasconcelos (2010), em que a pesquisadora tece uma crítica ao estado atual da educação e da formação de professores. Natali (2013), dois anos após a polêmica, ressalta em seu artigo "Questões de herança: do amor à literatura (e ao escravo)" como o campo da crítica tensionou-se nesse debate e expôs questões mais profundas relativas à forma em que o próprio campo e as crenças nele presentes se organizam: o imaginário branco da iniciação à leitura, pacífica e idílica, a escola como lugar de legitimação e reprodução, ou as supostas tentativas de censura: "Como demonstração de como argumentos próximos circulavam à época (...) O tom exaltado dos textos, seu sarcasmo e suas frases de efeito -"queima de livros em praça pública", "Pátria amada idolatrada salve salve", "modelito da mordaça", "livro com bula" (...) aliados ao apelo ao fantasma da censura, mesmo quando não parecia ser exatamente censura o que estava no horizonte, permitem a conclusão de que as reações serviram justamente para impedir que o conflito se agudizasse, bloqueando até a constatação precisa daquilo que estava em jogo no embate e do que estava sendo questionado". (NATALI, 2013, p.118) Essa "luta" pelo monopólio daquilo que deve ou não ser lido está sempre relacionada à maneira como o campo e seus atores atuaram dentro de determinados contextos históricos.…”