A leitura psicanalítica sobre a problemática adolescente evidencia sua condição transformadora na dinâmica pulsional do sujeito. Conflitivas psíquicas podem adquirir um caráter traumático nessa experiência, tornando-se fundamental investigar as condições adolescentes no necessário enfrentamento e trâmite dessas intensidades. Sabe-se que a partir desses movimentos podem decorrer vicissitudes subjetivantes ou dessubjetivantes à experiência psíquica de adolescer. Neste artigo, objetivou-se explorar as nuances de um processo adolescente a fim de ilustrar os efeitos do desamparo e de experiências traumáticas. Para tal, optou-se por realizar um estudo de caso, culminando em uma problematização teórico-clínica psicanalítica. Concluiu-se que, frente ao predomínio do traumático dessubjetivante, a destrutividade apresentou-se como importante elemento impeditivo de investimentos na vida de uma jovem adolescente. Assim, frente às representações de dor manifestadas na adolescência, a escuta psicanalítica consolida-se como importante recurso para que o sujeito possa reconhecer e nomear intensidades traumáticas, visando à possibilidade de significá-las psiquicamente e, assim, estabelecer recursos psíquicos frente aos impasses do devir.