“…Essa questão da fantasia versus realidade ainda está no cerne de uma outra disputa teórica com o Carl G. Jung e que ajuda a compreender a relação que a Psicanálise estabelece entre a natureza do indivíduo e as determinações sociais. Se as vivências concretas do trauma, o ato de sedução propriamente dito, não fossem uma necessidade para acarretar em elaborações psíquicas traumáticas para os indivíduos, como a regressão, Jung estaria justificado a ampliar a regressão para além da própria vida do indivíduo, desafiando assim a ênfase na sexualidade que Freud sempre fez, além de possuir assim os instrumentos para a criação de sua teoria do Inconsciente Coletivo (Endo, 2001). Em Totem e Tabu, de 1914, Freud iria retificar as ideias imperialistas da Psicanálise Aplicada a todos os outros campos de estudos, realizando um retorno ao método clínico, ele descreve a importância do complexo de Édipo como um processo fundante e regulador da civilização humana; tal estrutura é transmitida ao longo das gerações na nossa espécie e revivida individualmente por cada membro dela, começando pelas relações familiares e se estendendo em outras instituições.…”