Estado nutricional de crianças e adolescentes sobreviventes de leucemia linfoide aguda tratados em um Centro de Referência da Região Nordeste do Brasil

Abstract

OBJETIVO: Avaliar o estado nutricional e os fatores clínicos, laboratoriais e comportamentais associados ao excesso de peso em crianças e adolescentes sobreviventes de leucemia linfoide aguda, tratados em um centro de referência da Região Nordeste do Brasil. MÉTODOS: Estudo de série de casos com 30 sobreviventes de leucemia linfoide aguda. Entre os meses de março e setembro de 2011, foram coletados dados clínicos, comportamentais e laboratoriais. O diagnóstico antropométrico foi realizado em três ocasiões distintas: no momento do diagnóstico, no término do tratamento, e no período pós-tratamento, a partir dos índices altura/idade e índice de massa corporal/idade, segundo a Organização Mundial de Saúde. RESULTADOS: A amostra tinha idade média de 10,2 anos (DP=3,2). Observou-se que 33,3% dos sobreviventes tinham excesso de peso no início e no término do tratamento. No período pós-tratamento, encontrou-se aumento significante do escore-Z de índice de massa corporal/idade, e uma frequência de 43,3% de excesso de peso, além de 16,6% e 35,5% de obesidade abdominal por meio da circunferência da cintura e razão cintura/estatura respectivamente. O crescimento linear foi significativamente diminuído quando comparado os escores-Z de altura/idade no início e no término do tratamento. Na análise dos dados laboratoriais, obtiveram-se 52,1% com colesterol total acima do recomendado. Entretanto, 58,3%, 66,7% e 79,2% evidenciaram, respectivamente, Lipoproteína de Alta Densidade e Lipoproteína de Baixa Densidade-colesterol e triglicerídeo na faixa considerada desejável. CONCLUSÃO: Os sobreviventes de leucemia linfoide aguda analisados apresentaram maior risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis uma vez que apresentam frequência importante de excesso de peso, obesidade abdominal e colesterol total elevado.

Changes in nutritional status in adolescents surviving leukemia and lymphoma

“…In the present study there was an increase in the Z-score BMI/A indicator between M1 and M2, as well as between M1 and M3. Although this increase was not statistically significant (p=0.081), these results corroborated another study that found a significant increase of the mean of the Z scores of BMI/A in M3 [22]. Oliveira et al [22] also observed that the survivors exhibited excess weight at the beginning, and at the end of the treatment and at follow up, concluding that these individuals presented a higher risk for the development of chronic diseases.…”

“…Although this increase was not statistically significant (p=0.081), these results corroborated another study that found a significant increase of the mean of the Z scores of BMI/A in M3 [22]. Oliveira et al [22] also observed that the survivors exhibited excess weight at the beginning, and at the end of the treatment and at follow up, concluding that these individuals presented a higher risk for the development of chronic diseases. Based on the BMI/A measures, Nakhaei-Moghadam et al [16] found a prevalence of 29.2% overweight and 16.7% obesity, and no association between patients' weight gain and type of treatment, gender and age.…”

“…Studies have shown prevalence of overweight and obesity associated with a growth deficit in pediatric patients receiving chemotherapy [22,26]. Several factors have been associated with changes in linear growth, such as the disease itself, poor nutrition, chemotherapy, and growth hormone deficiency secondary to cranial irradiation [27].…”

Comportamentos de risco de pacientes oncológicos em follow up

“…Sobreviver por cinco anos tem sido apenas o início e não o ponto final do sucesso do tratamento oncológico, uma vez que os efeitos relacionados à doença e ao tratamento causam impacto no cotidiano dos sobreviventes. (12) Concluir o tratamento oncológico faz com que os pacientes geralmente se sintam vulneráveis, física e psicologicamente. Tornam-se intranquilos, pois temem a probabilidade de recidiva da doença e do risco de desenvolver uma segunda neoplasia; hipervigiam sua saúde pela preocupação com a aquisição de outras doenças; e são inseguros, pois se afastam do hospital e ficam distantes da equipe, que estiveram presente durante todo o tratamento e que, de certa forma, lhes transmitiam segurança.…”

“…Estudos apontam que escolhas alimentares pouco saudáveis, excesso de tempo gasto em atividades sedentárias e redução da atividade física são fatores que contribuem para o ganho de peso no paciente fora de terapia. (18) Nesta pesquisa, 37,5% dos pacientes entre 16 e 19 anos tiveram o diagnóstico nutricional de sobrepeso e cerca de 12,7% dos participantes com idades acima de 19 anos foram diagnosticados com obesidade grau I.…”