Políticas públicas em saúde mental e trabalho: desafios políticos e epistemológicos

Abstract

O objetivo deste artigo é buscar compreender, a partir da perspectiva genealógica, as possibilidades de emergência dos enunciados que delimitam a relação entre Saúde Mental e trabalho e sua (des)articulação com as políticas de saúde do trabalhador. Como forma de apontar essas articulações e desarticulações, partimos de uma breve descrição analítica das Conferências Nacionais Brasileiras de Saúde do Trabalhador. Como hipóteses para a compreensão dos impasses para efetivar essa articulação, apresentamos os desafios políticos e epistemológicos que atravessam as formas de legitimação dos saberes-verdades nos campos da Saúde do Trabalhador e da Saúde Mental.

Alterações de saúde e sintomas sugestivos de depressão entre trabalhadores da enfermagem do serviço de atendimento móvel de urgência

“…No entanto, após a dicotomização desse resultado, obteve-se que 10 (11,8%; IC 95%: 4,9% a 18,6%) dos profissionais foram considerados com O resultado coincide com a depressão encontrada na população em geral, com média de 5% a 11% entre os graus de depressão leve, moderada e grave (7) . Tal achado mostra-se importante, pois a clientela atendida pelos profissionais de enfermagem do SAMU necessita de cuidados adequados (2,9) .…”

“…Frente a isso, é fundamental que haja a produção de novos conhecimentos e a construção de um referencial de saúde moderno que envolvam mudanças estruturais e individuais nos serviços de saúde para a prevenção e identificação das doenças ocupacionais, bem como à adoção de ferramentas de auxílio e estratégias de enfrentamento (8,9) .…”

Genealogia do cuidado na perspectiva foucaultiana Genealogy of care in foucault’s perspective

“…This disruption is described on the basis of two axes which are important birth hospital and clinic. 14 The care provided, even in this context, was not considered work, nor was justified in scientific discourse, indeed incipient at that time. One caution that although clothed in robes of charity -as a way to atone for sins and ensure eternal salvation -meet with the social function of control of those who might or might not be part of the work society that would give their first steps from the abolition of slavery and the proclamation of the Republic.…”

Sobre o cuidado na saúde: da assistência ao cidadão à autonomia de um sujeito

“…No período do Renascimento, entre os séculos XIV e XVI, quando ocorre uma ruptura paradigmática e o advento de novas formas de saber e, consequentemente, de cuidar, inscreve-se um cuidado sob o surgimento da racionalidade científica, instaurando-se clínicas e hospitais (Nardi & Ramminger, 2012). Todavia esse cuidado não se colocava enquanto atividade de trabalho, e apenas a figura do médico prevalecia, sendo ele o gestor dos hospitais: nasce a biopolítica, da qual, segundo Marta e Teixeira (2016), são representantes "o corpo médico e seus agentes .…”

“…Não é mais sobre a alma que se assenta a base das prescrições sobre o cuidado, mas sobre o corpo da medicina dos órgãos, fragmentado e mecanicista" (p. 4754). O sujeito passa a ser apenas um objeto das intervenções médicas (Nardi & Ramminger, 2012) e o cuidado assume o sentido de restauração das funções perdidas do corpo.…”