“Eu posso me ver como sendo dois, três ou mais”: algumas reflexões sobre a subjetividade contemporânea

Abstract

O presente artigo tem como objetivo fazer algumas reflexões sobre as conseqüências subjetivas das transformações - sociais, econômicas, políticas, tecnológicas, etc. - que o mundo vem sofrendo nas últimas décadas. Para tanto, inicialmente, são discutidos os modelos propostos por Fredric Jameson e Sherry Turkle para descrever a subjetividade contemporânea. A seguir, é apresentada uma pesquisa realizada com usuários brasileiros da internet, que é considerada uma das condições de possibilidade da realidade de nossos dias. Dos resultados, emergem dois grupos de usuários com características bastante diferentes. Tais características são analisadas à luz das concepções teóricas de Jameson e Turkle.

A vivência afetivo-sexual de mulheres transgenitalizadas

“…Apoiado nessas características tentou fazer a ponte entre o plano macro (social) e micro (psicológico) e, para explicar isso, recorreu à categoria nosológica da esquizofrenia, como modelo metafórico da subjetividade atual. Mais especificamente, à esquizofrenia, proposta por Lacan que a descreve como sendo a ruptura na cadeia dos significantes, ou seja, as séries sintagmáticas encadeadas de significantes que constituem um enunciado ou um significado, por exemplo, quando essa relação se rompe, tem-se, então, a esquizofrenia sob a forma de um amontoado de significantes distintos e não relacionados (JAMENSON 2000;ROMÃO-DIAS;NICOLACI-DA-COSTA, 2005).…”

“…Outro modelo de subjetividade atual vem de Turkle 2 (1997, p. 49 apud Romão-Dias;Nicolaci-Da-Costa, 2005, p. 75), que, como Jamenson (2000, também recorreu à metáfora de uma categoria nosológica psiquiátrica para propor uma nova organização subjetiva. A diferença é que ao invés de recorrer à imagem da esquizofrenia, preferiu usar a do transtorno de personalidade múltipla.…”