“…Este seria, portanto, o cerne do processo histórico da modernidade: uma ambigüidade constitutiva entre o racional e o emocional, cobrando dos sujeitos projetos e escolhas acerca de suas condutas, conferindo-lhes autonomia e autoridade na construção de suas representações e papéis sociais, mas, ao mesmo tempo, por meio de uma enorme engrenagem cujo lugar central se daria através dos diversos meios de comunicação, estimulando-os a consumir não só para satisfazer necessidades básicas e marcar posições sociais, mas para se construírem mesmo, via consumo, como sujeitos. Mais ainda, como identidades que se constroem pela posse dos bens, mas também pelos atributos corporais que o consumo permite criar, como representações permanentes de si por meio das roupas e acessórios que agregam a seus corpos, das marcas temporárias e permanentes que corporalmente irão carregar, permitindo a identificação em tribos, como prefere Michel Mafesolli (2002), ou em comunidades nem sempre por escolha, como critica Zygmunt Bauman (2003), mas, principalmente, indicando outras formas de ancoragem do self que se destacam de forma clara dos liames tradicionais.…”