“…A ideia de que a monarquia temporal era um reflexo imperfeito da hierarquia celestial, aparece no famoso tratado de Sebastião César Seguindo por essa lógica, é possível perceber que os discursos memoriais eram ordenados a partir de um princípio metafísico, que compreendia a ordem celestial e o próprio criador. Nas narrativas dos discursos, tal princípio era o fundamento de articulação e justificativa de duas instâncias: por um lado a memorialista, que se comprometia a manter presentes os feitos dos grandes homens, representados como marcos na ordem de criação, e por outro a moralista, que oferecia modelos de conduta e preceitos morais e religiosos para o público receptor (FRANÇA, 2010). Tal característica é o que diferencia os discursos memoriais de outros tipos de texto que, ainda que digam respeito à memória, possuem princípios ordenadores diferentes, como é o caso dos anais, capítulo de Corte, memoriais de requerimento, atas diplomáticas e tantos outros.…”