2006
DOI: 10.1590/s1413-77042006000200008
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Amor, amizade e valimento na linguagem cortesã do Antigo Regime

Abstract: Na cultura política do Ancien Régime, as relações pessoais eram fatores determinantes para qualquer projeto ascensional. Numa sociedade regulada pela lógica do favorecimento pessoal, privar da amizade e do afeto de alguém mais poderoso e superior tornava-se a priori o elemento mais significativo para quem possuía ambições polí-ticas. Neste quadro, emergiu a figura emblemática do chamado valido, alguém que, por ocupar o centro da afetividade régia, podia influenciar e atuar decisivamente no cenário político. Os… Show more

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“…Ou ainda, ter identidade com aquele homem que deveria saber dominar seus instintos e sentidos, submetendo-os racionalmente a um senso natural e gracioso de medida, e que fosse virtuoso em sua busca estoica pelo belo gesto -artificialmente natural -e pelas verdades afetivas, morais e espirituais (PECORA, 1997;CASTIGLIONE, [1528 (PECORA, 1997;DE LA FLOR, 2005), enquanto autores como Edmir Míssio discordam veementemente de que essa contraposição possa ser feita. Para ele, a imagem de "um mundo europeu quinhentista de equilíbrio em contraposição com um mundo do desequilíbrio seiscentista" seria bastante enganosa (MISSIO, 2008 De fato, no ambiente de corte desses personagens o cotidiano teatral impunha a artificialidade de gestos e afetos, enquanto, contraditoriamente, a própria política era baseada em laços afetivos (OLIVEIRA, 2006). Essa teatralidade foi se construindo gradualmente em um cenário no qual os vassalos do rei Habsburgo precisavam sempre mostrar seu merecimento por meio de palavras não menos do que de atos.…”
Section: Kalina Vanderlei Silvaunclassified
“…Ou ainda, ter identidade com aquele homem que deveria saber dominar seus instintos e sentidos, submetendo-os racionalmente a um senso natural e gracioso de medida, e que fosse virtuoso em sua busca estoica pelo belo gesto -artificialmente natural -e pelas verdades afetivas, morais e espirituais (PECORA, 1997;CASTIGLIONE, [1528 (PECORA, 1997;DE LA FLOR, 2005), enquanto autores como Edmir Míssio discordam veementemente de que essa contraposição possa ser feita. Para ele, a imagem de "um mundo europeu quinhentista de equilíbrio em contraposição com um mundo do desequilíbrio seiscentista" seria bastante enganosa (MISSIO, 2008 De fato, no ambiente de corte desses personagens o cotidiano teatral impunha a artificialidade de gestos e afetos, enquanto, contraditoriamente, a própria política era baseada em laços afetivos (OLIVEIRA, 2006). Essa teatralidade foi se construindo gradualmente em um cenário no qual os vassalos do rei Habsburgo precisavam sempre mostrar seu merecimento por meio de palavras não menos do que de atos.…”
Section: Kalina Vanderlei Silvaunclassified
“…Da mesma forma que, no corpo humano, cada membro ocupa uma posição naturalmente determinada, na república pensada em termos antropomórficos, cada membro do corpo social ocupa uma posição também naturalmente determinada. Como é fácil supor a partir da fórmula do rex caput, o rei é a cabeça de tal corpo político 52 .…”
Section: O Paradigma Corporativistaunclassified
“…Com este mesmo sentido, a obra de Giovanni Botero, Della Ragione di Stato, publicada na Itália no mesmo ano, amplamente divulgada no mundo ibérico, foi também importante na divulgação do que estamos chamando de pragmatismo católico. 58 A definição de Friedrich Meinecke para a noção de razão de Estado diz o seguinte: "Razón de Estado es la máxima del obrar político, la ley motora del Estado.…”
Section: A Razão De Estado E O Aristotelismounclassified
“…Em trabalho anterior 71 , havíamos discutido as complexas imbricações entre os significados simbólicos da ideia de amizade e de valimento no Antigo Regime. Sustentamos que, em torno da linguagem dos afetos, erguiam-se os elementos constitutivos das próprias práticas sociais oriundas de tessituras mais profundas da vida comunitária.…”
unclassified