Resumo: Neste artigo, buscamos traçar um perfil do cortesão barroco como personagem que refletia o ideal masculino da nobreza em Espanha e Portugal dos séculos XVI e XVII: homem que deveria ser discreto, prudente, valoroso, honrado e, não menos, dissimulado. E, para reconstruir essa imagem, baseamos-nos em diferentes textos impressos e manuscritos do período, produzidos por cortesãos e tratadistas segundo fórmulas da literatura doutrinária, focando-se principalmente El Héroe, de Baltasar Gracián, a Instrucción, de D. Juan de Silva, e as Memorias Diarias de la Guerra del Brasil, de Duarte de Albuquerque Coelho. Palavras-chave: Cultura Cortesã; Literatura Doutrinária; Cortesão.Abstract: This article intends to construct a profile of the baroque courtesan as the ideal male model in Portuguese and Spanish Courts of the XVIth and XVIIth centuries: a man that should be discrete, prudent, brave, honored and also dissimulated. To this purpose, the research was based upon doctrinaire literature writings such as Baltasar Gracián's El Héroe, D. Juan de Silva's Instrucción and Duarte de Albuquerque Coelho's Memorias Diarias de la Guerra del Brasil. Keywords: Courtesan Culture; Doctrinaire Literature; Courtesans.O século XVII vivenciou o auge de um sistema de valores teatral e dirigista elaborado em torno das cortes da Europa Ocidental. Era a cultura cortesã, cujas complexas regras de conduta atingiram um apogeu na Espanha do Império Habsburgo, criando-se um ideal masculino encarnado pelo nobre cortesão: o homem que deveria incorporar virtudes do cavaleiro medieval e do idealismo humanista, unificadas às regras de prudência seiscentistas. Assim, o homem ideal do século XVII ibérico deveria ser valoroso por herança cavalheiresca, decoroso pela herança tridentina, e dissimulado e prudente graças às próprias regras da dirigista cultura cortesã. Era o herói fidalgo por