Indicadores de abastecimento de água e doenças de transmissão hídrica em municípios da Amazônia Oriental

Abstract

RESUMO O objetivo da pesquisa foi correlacionar indicadores operacionais de abastecimento de água com a frequência de doenças de notificação compulsória de transmissão hídrica em seis municípios do estado do Amapá, Brasil. A metodologia consistiu no tratamento estatístico de dados de doenças de notificação compulsória de transmissão hídrica, disponibilizados pela Superintendência de Vigilância em Saúde do Amapá (período de 2007 a 2017), com indicadores operacionais de abastecimento de água consolidados pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (período de 1996 a 2017). Os resultados mostraram, por meio de séries de regressões, que seis entre 20 indicadores operacionais apresentaram significância e correlação positiva com a ocorrência de doenças diarreicas agudas, independentemente do município (Raj2 = 0,75, p < 0,05), com tendência progressiva em relação à expansão dos serviços de saneamento básico. Conclui-se que os seis indicadores operacionais apresentaram correlação positiva com a ocorrência de doenças diarreicas agudas. Entretanto, apesar de ter ocorrido no período uma sensível expansão do sistema operacional de abastecimento de água, também houve aumento dessas doenças, sugerindo uma crescente tendência temporal do deficit de saneamento básico oferecido nesses municípios.

Relação Entre Indicadores De Saneamento Básico E Socioeconômicos E a Ocorrência De Doenças Diarreicas Agudas Nos Estados Da Amazônia Oriental

“…Mato Grosso (0,774), Tocantins (0,743) e Amapá ( 0 A expansão dos serviços de abastecimento de água e esgoto não reflete a qualidade desses serviços e pode não acompanhar o crescimento populacional de forma proporcional (Anklam et al, 2021). As falhas nos sistemas, como perdas de água e a coleta do esgoto sem o tratamento adequado na destinação final, podem afetar a ocorrência de DDAs em estados que apresentam alta taxa de abastecimento e esgotamento sanitário (Araújo et al, 2021). Logo, faz-se necessária a investigação posterior, que leve em consideração tais parâmetros para melhor averiguar a correlação entre os indicadores sanitários e DDAs.…”

“…As análises realizadas neste estudo foram baseadas em trabalho semelhante, desenvolvido por Araújo et al (2021), ao avaliar a relação entre indicadores de abastecimento de água e doenças de veiculação hídrica em municípios do estado do Amapá. Para este estudo, no entanto, serão avaliados os cinco estados da Amazônia Oriental brasileira, com ênfase na relação entre indicadores de saneamento básico, sendo estes, indicadores de abastecimento de água e esgotamento sanitário, e a ocorrência de DDAs.…”

“…A Amazônia, apesar da intensa exploração de recursos naturais, não acompanhou os outros estados brasileiros em relação à sua infraestrutura e desenvolvimento econômico e social, sendo a carência em serviços de saneamento básico, assim como os atrasos em longevidade, educação e renda os principais desafios para a melhoria da qualidade de vida da população da região (Aguiar et al, 2021). Araújo et al, (2021) enfatizam que as regiões Norte e Nordeste apresentam maior tendência de hospitalização e morte por doenças diarreicas agudas em crianças menores de um ano de idade.…”

“…Teixeira e Pungirum (2005) ao analisarem a correlação de indicadores sanitários com a taxa de mortalidade infantil em menores de 5 anos, obtiveram resultados semelhantes, observando uma relação inversamente proporcional entre as variáveis, corroborando a hipótese de que melhores índices de abastecimento de água e esgoto contribuem para menores taxas de ocorrências de DDAs.Observou-se ainda, uma forte correlação positiva, ou seja, diretamente proporcional para o estado do Maranhão em relação ao serviço de esgotamento sanitário, neste caso, o grande número de ocorrências de DDAs pode ser explicado pelo contingente populacional e baixo IDHM deste estado. Estudos como o deAraújo et al (2021), constatam a existência da correlação positiva e diretamente proporcional na análise entre indicadores sanitários e a ocorrência de DDAs, inferindo que nem sempre as melhorias nos indicadores reduzem as ocorrências de DDAs, fato que pode também estar relacionado à outras características, como condições dos sistemas operacionais de água e esgoto, inconsistência nos dados do SNIS e a ocorrência de subnotificações.…”

Práticas educativas em saúde com pescadores: relato de experiência

“…Em localidades onde se verifica inexistência ou precariedade do esgotamento sanitário, disposição de resíduos sólidos a céu aberto e fatores que induzem à proliferação de insetos e roedores vetores, contaminantes podem ser disseminados e alcançar as fontes de água e os reservatórios de armazenamento, e consequentemente doenças infecciosas relacionadas com excretas, lixo e vetores podem atingir a população exposta (RAZZOLINI; GUNTHER, 2008). Doenças de veiculação hídrica podem ser entendidas como qualquer comprometimento da saúde humana, deficiências e distúrbios causados pelas condições, quantidade e qualidade da água (SANTOS; ARMSTRONG; LIMA, 2020) Os usos mais frequentes da água que podem afetar a saúde do homem são classificados da seguinte forma: ingestão direta, preparação de alimentos, higiene pessoal e do ambiente, agricultura, processos industriais e atividades de lazer (ARAÚJO et al, 2021). Dentre as doenças de veiculação hídrica pode-se destacar a dengue, a malária, a hepatite infecciosa, a cólera, a febre tifóide, a amebíase, a leptospirose e a esquistossomose (VASCONCELLOS, 2018).…”