Tempo subjetivo e percepção de movimento em obras de arte

Abstract

ResumoO estudo de imagens em movimento e de imagens estáticas que representam algum movimento contribui para o esclarecimento do papel do tempo como modulador da experiência humana. Diferentes formas de representar ou induzir movimento em estímulos ou distintas obras das artes visuais devem envolver não somente técnicas específicas, mas diferentes formas de interação que só ocorrem quando se dá o encontro entre obra e expectador. A percepção de movimento, muito provavelmente, não está confinada a uma simples decomposição ou soma das suas grandezas constituintes (tempo, espaço e velocidade), pois na sua cognição estão combinadas sensações e percepções internas e externas, que ocorrem em sistemas e níveis perceptuais distintos. Entretanto, processos correlatos devem responder pela percepção de movimentos reais, induzidos e representados. Sendo oriundo da intersecção espaço-temporal, a utilização do movimento em pesquisas de estética experimental pode contribuir para o esclarecimento dos processos que atuam na percepção subjetiva de tempo.Palavras-chave: tempo subjetivo; movimento; imagens; artes plásticas AbstractSubjective time and perception of movement in art works. The study of images in movement as well as those static images, which represent some movement, contributes to the understanding of the role of time as a modulator of the human experience. Different forms of representing and inducing movement in stimuli or in distinct works of visual art shall involve not only specific techniques, but different forms of interaction which only occur when there is an encounter between the work of art and the spectator. The perception of movement, probably, is not confined to a unique decomposition or sum of its constituent greatnesses (time, space and speed), thus in its cognition the internal and external sensations and perceptions are combined, which occur in distinct systems and perceptual systems. Nevertheless, correlated processes shall respond by the perception of real movements, induced and represented ones. Having come from the intersection of temporal space, the utilization of movement in studies of experimental aesthetics can contribute to the understanding of the processes that act in the subjective perception of time.Key words: subjective time; movement; images; visual arts U ma maneira de explicar o fenômeno estético é por meio da estética psicobiológica, na qual está inserida a estética experimental, originalmente definida por Gustav Fechner em 1876. A visão mais contemporânea da estética, a Nova Estética Experimental (Berlyne, 1974) estabelece como estudar obras de arte ou outros fenômenos estéticos, por meio de experiências que analisam as reações dos sujeitos aos estímulos artísticos. Esta área de pesquisa se caracteriza especialmente pela análise das relações entre variáveis independentes (trechos musicais, pinturas, desenhos, etc.) e variáveis dependentes (relatos verbais, medidas psicofisiológicas e comportamentais, etc.). Tais análises experimentais comportam, também, elementos teóricos importantes...

Efeitos da interação de estímulos acústicos e visuais na estimação subjetiva de tempo de indivíduos treinados e não treinados em dança

“…(Argan, 1995;Growe, 2001;Strickland, 2004). Há aproximadamente uma década, seus trabalhos também vêm sendo utilizados como estímulos em pesquisas científicas que abordam a percepção de movimento e tempo subjetivo (Nather, 2006;Nather & Bueno, 2006a;Nather & Bueno, 2011a, b).…”

“…Alguns pesquisadores tem se dedicado a analisar a representação de movimento em obras de arte (Braddick, 1995;Cutting, 2002;Nather & Bueno, 2006a (Berlyne, 1974).…”

“…O modelo de relógio interno é muito aceito dentre os modelos teóricos de estimação temporal (Graf & Grondin, 2006;Droit-Volet et. al., 2004;Grondin, 2010), entretanto, alguns autores como Brown (1997) (Ramos, 2007), as modulações de trechos musicais próximos e distantes (Firmino, 2003), as variações tonais (Lelis, 2002;Firmino & Bueno, 2008 e o contexto rítmico (Jones & Boltz, 1989) Outros estudos mostraram que diferentes intensidades de movimento em obras de arte, imagens estáticas bidimensionais (Nather, 2006;Nather & Bueno, 2006a, b, 2008 A utilização de obras de arte em pesquisas de tempo subjetivo vem contribuindo para a elucidação dos processos subjacentes a percepção temporal. Mas como utilizar experimentalmente obras de arte em pesquisas de tempo subjetivo?…”

“…A "Nova Estética Experimental" (Berlyne, 1974), definida como o estudo de obras de arte ou outros fenômenos estéticos por meio de experiências que analisam as reações dos indivíduos aos estímulos artísticos, vem sendo utilizada como uma ferramenta para desvendar os processos envolvidos na percepção subjetiva de tempo em diversos estudos envolvendo músicas (Bueno, Firmino & Engelman, 2002;Bueno & Ramos, 2007;Bueno & Cocenas, 2010), e imagens de pinturas e esculturas (Cupchick, 1976;Cupchik & Getbotys, 1988;Nather & Bueno, 2006a, b, 2008, 2010, 2011 (Bulking & Groh, 2006). Alguns estudos têm buscado revelar os efeitos da interação som/imagem em ilusões perceptivas (Recanzone, 1998; e em processos temporais (Penney & Gibbon, 2000;Droit-Volet, Tourret & Wearden, 2004;Watanabe & Shimojo, 2001;Krekelberg, 2003;Burr, Banks & Morrone, 2009) Bulking e Groh 2006 (Meyer & Wuerger, 1998Stein et al, 1998;Spence & Driver, 1996e Mcdonald et al, 2000 sugerem que "o substrato neural para estas interações envolve o recrutamento de áreas cerebrais previamente pensadas como de predominância unimodal" (Bulkin & Groh, 2006, p. 415).…”

“…Por outro lado, a imagem com menor representação de movimento (Prelúdio para a dança; 3.0-pontos) foi estimada com duração não estatisticamente diferente do tempo real de apresentação. Estes dados corroboram com dados de pesquisas anteriores (Nather & Bueno 2006a, 2008, 2011aNather, Bueno & Bigand 2009) os quais sugerem que quanto maior a intensidade de representação de movimento numa imagem estática maior será sua estimação temporal.…”