A literatura acerca da interação social e do desenvolvimento da comunicação na infância tem demonstrado um considerável crescimento, especialmente a partir de 1970, quando se incluiu a pragmática às pesquisas da linguagem (Borges & Salomão, 2003).Nesse novo cenário, a pragmática passa a ter um importante papel nas explicações acerca da aquisição e do desenvolvimento da linguagem, especialmente, nas pesquisas desenvolvidas pelos estudiosos que adotam a perspectiva da Interação Social (Braz & Salomão, 2002;Conti-Ramsden, Hutcheson, & Grove, 1995;Silva & Salomão, 2002;Snow, 1997).Conforme os pesquisadores da perspectiva da Interação Social, o contexto interativo é um espaço propício para o desenvolvimento das habilidades lingüísticas da criança, já que é nele que as trocas de experiências e de conhecimentos entre os interlocutores são efetivadas. Isso ocorre na medida em que a criança influencia o parceiro com seus comportamentos e suas características, ao mesmo tempo em que é influenciada pelos do outro, o que resulta numa relação recíproca e bidirecional.Os estudiosos da perspectiva da Interação Social consideram a criança como um ser ativo, desde o nascimento, e detentora de capacidades comunicativas que a fazem membro participante do contexto, entretanto, destacam o papel dos adultos na interação, em virtude destes serem mais experientes lingüisticamente e sensíveis às intenções comunicativas da criança, possibilitando assim, a criação de oportunidades para esta se desenvolver (Snow, 1997).Para Pan, Imbens-Bailey, Winner, e Snow (1998) a interação diádica se estabelece quando os parceiros conversacionais compartilham a compreensão do tipo de atividade em que estão engajados, ou seja, as intenções de cada um na comunicação. Sob esse prisma, observa-se que os estudos acerca da aquisição da linguagem mostram que na interação adulto-criança, há um esforço do adulto tanto em compreender os sinais evocados pela criança, demonstrados por meio de gestos, balbucios e palavras, quanto em responder (Silva & Salomão, 2002). Para tanto, os adultos apresentam modificações na fala dirigida à criança em comparação à fala dirigida a outros adultos. Essas modificações apresentam-se nos aspectos tonais, lexicais e sintáticos da linguagem, tornando uma fala simples, repetitiva, gramatical e semanticamente ajustada ao nível de compreensão da criança (Garton, 1992
ResumoEste estudo teve como objetivo comparar a contingência semântica das falas paterna e materna, considerando a participação da criança na conversação. Participaram 12 crianças da classe média da cidade de João Pessoa/ PB, com idade entre 24 a 31 meses, e seus respectivos genitores. Os genitores foram filmados em sua residência quando interagiam com suas crianças em uma situação de brincadeira livre por 20 minutos. Os resultados indicaram que as mães eram significativamente mais contínuas ao tópico da fala da criança do que os pais. Dentre os comportamentos contingentes, verificou-se que as mães expressaram mais reformulações e imitaram mais a fala dos meninos do que d...