Educação e desenvolvimento: inflexões na política educacional amapaense (1944-2002)

Abstract

RESUMO Este artigo analisa e compara duas políticas educacionais realizadas no Amapá. A primeira fora levada a cabo pelo governo de Janary Gentil Nunes (1944-1956) e tinha por meta formar trabalhadores disciplinados e aptos a colaborar na geração de grandes excedentes comercializáveis, por meio da exaustiva exploração de recursos naturais locais. A segunda fora efetivada pelo governo de João Alberto Capiberibe (1995-2002) e visava à disseminação de uma consciência ambiental que levasse os amapaenses a valorizar tanto a preservação do meio ambiente quanto as formas tradicionais de vida e trabalho. A comparação entre essas políticas evidenciou que a educação, nos dois períodos, foi percebida como um fundamental instrumento de transformação das práticas sociais, tendo em vista a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Ficou também evidente que os dois governos tinham visões muito díspares de desenvolvimento regional e, portanto, dos valores a serem difundidos por meio das escolas.

O Desafio De Qualificar Professores Para a Diversidade: A Realidade Do Estado Do Amapá

“…De acordo com Lobato (2009) com o compromisso de melhorar o nível de escolaridade no novo Território, o governador da época, Janary Nunes viu na escola essa possibilidade e incumbiu aos/as professores/as essa responsabilidade. Esperava-se dos/as professores/as e da escola um trabalho que contribuísse com a mudança na forma de pensar das pessoas, somente dessa forma, o Amapá entraria na rota de desenvolvimento econômico.…”

A Educação Feminina Na Fronteira Da Amazônia: Escolas Para as Mulheres No Ex-Território Federal Do Amapá (1949-1964)

“…Em relação à Escola Normal, sua origem embrionária se deu em 1949, quando fora criado pelo Governo do Território Federal do Amapá (GTFA) o Curso Normal Regional, com o objetivo de suprir a carência de profissionais do magistério no interior do Território, alcançando o estatuto de escola em 1954. Sendo a maioria dos estudantes do sexo feminino, havia uma vigilância constante sobre seu comportamento moral (LOBATO, 2009).…”

“…A Escola Doméstica de Macapá foi criada em 1951 e era dirigida pela ordem católica feminina das Irmãs de Caridade das Santas Capitanio e Gerosa, que chegaram na região um ano antes. Um caráter especial reveste essa escola, o de que mesmo pública, era gerida tanto na parte administrativa quanto na pedagógica pela Congregação feminina, estabelecida no Amapá a convite do administrador apostólico da Prelazia de Macapá (COLOMBO, 2008;LOBATO, 2009;NEGRI, [19--], ROMELLI, 2011). No entanto, Oliveira (2016) destacou que tal vinda já havia há muito sendo desejada em entendimentos antecedentes entre a Igreja Católica e o GTFA, demostrando a interpenetração entre o público e o confessional no projeto afim de desenvolvimento social amapaense.…”

Educação e mundo do trabalho

“…Ainda segundo o autor, as políticas educacionais no Amapá recorrentemente foram baseadas em idealizações de futuro(Lobato, 2018).…”