INTRODUÇÃOConcretos refratários são geralmente conformados em uma variedade de geometrias e tamanhos, tornando difícil a medição inloco de suas propriedades físicas. Ensaios em laboratório com pequenas amostras são assim usados para obter informações sobre o material que são então extrapoladas para situações reais na indús-tria. A principal hipótese neste caso é que todas as propriedades nas amostras (geralmente cilíndricas ou cúbicas), tais como porosidade, resistência mecânica e permeabilidade, são representativas e comparáveis às de peças de grande porte e de formato complexo.Dentro deste contexto, uma questão pouco investigada na literatura é se a permeabilidade varia da superfície para o interior do corpo, devido principalmente ao modo como matriz e agregado acomodam-se durante o empacotamento. Tal informação é especialmente útil no caso em que há segregação das matérias-primas cerâmicas durante a conformação da peça. Neste caso, o excesso de partículas finas (matriz) na superfície da amostra pode gerar uma camada de menor permeabilidade que a do interior, onde há maior quantidade de agregados. Uma vez que as propriedades medidas são geralmente assumidas uniformes ao longo da espessura do corpo, com a desconsideração da presença de tal camada superficial pode-se superestimar a resistência ao escoamento de fluidos no interior do corpo cerâmico. A presença da camada de baixa permeabilidade durante a secagem pode também causar o aumento da pressão do vapor, danificando a estrutura interna do refratário [1][2][3][4][5]. Em uso, o desgaste da camada superficial por abrasão ou corrosão pode revelar ainda uma camada interior pouco protegida contra o ataque de escórias [1,2].Especificamente neste trabalho, o objetivo é verificar se um concreto refratário auto-escoante de ultrabaixo teor de cimento apresenta permeabilidades distintas em sua superfície e em seu interior e como as mesmas são afetadas pela temperatura de tratamento térmico.