Resumo: Este estudo teve o objetivo de analisar as vivências de prazer e sofrimento de suinocultores frente ao modelo de trabalho cooperado. Também buscou caracterizar o trabalho cooperado na suinocultura, além de compreender as estratégias defensivas utilizadas. O estudo teve um delineamento qualitativo e contou com a participação de 16 suinocultores. A coleta foi realizada através de dois grupos focais e de observações. Os dados obtidos através dos grupos focais foram submetidos à análise de conteúdo. As vivências de sofrimento se mostraram atreladas ao crescimento da cooperativa através da exploração dos cooperados, à falta de autonomia e de espaços públicos de fala, aos controles excessivos de qualidade e produtividade, e principalmente, ao precário modelo de remuneração praticado. Diante destes fatores foram identificadas estratégias defensivas pautadas na submissão e no individualismo, o que tem desencadeado experiências de solidão, desesperança e insegurança frente ao futuro. Os participantes não reconheceram vivências de prazer frente ao trabalho cooperado. Através dos resultados obtidos, concluiu-se que o modelo vigente de cooperativismo se apresenta como um fator de precarização, intensificando o processo de sofrimento mental e deixando de contribuir para a emancipação e desenvolvimento dos suinocultores. Palavras-chave: Psicoterapia Psicodinâmica. Trabalho. Saúde Mental.
Abstract:This study aimed to analyze the experiences of pleasure and suffering of pig farmers in relation to the cooperative work model. It also demonstrated the characteristics of cooperative work in pig farming and understanding of the defensive strategies used. The study utilized a qualitative research design involving 16 pig farmers. The collection of data was conducted through two focus groups as well as observations. The data obtained from the focus groups were subjected to content analysis. The experience of suffering is shown to be tied to the growth of the cooperative through the exploitation of its members, the lack of autonomy and public speech places, the excessive control of quality and productivity, and especially to the precarious remuneration model used. Thus, defensive strategies were identified, guided by submission and individualism, culminating in loneliness, hopelessness, and insecurity toward the future. The participants did not show any pleasure toward the cooperative work. In accordance with the results obtained, we conclude that the cooperative work of pig farming presents itself as a factor of instability and intensifies the mental suffering process that fails to contribute to workers' emancipation.