O uso das luvas de proteção no corte manual da cana-de-açúcar

Abstract

Uma negociação tripartite entre a Fundacentro, o Sindicato dos Empregados Rurais de Araraquara e a Usina Santa Cruz permitiu a realização do estudo sobre o uso dos equipamentos de proteção individual (EPI) e das ferramentas de trabalho durante a execução da atividade de cortar manualmente a cana-de-açúcar. A problemática se manifestou frente às estratégias utilizadas pelos trabalhadores para viabilizar o uso conjunto das ferramentas e dos EPI, prescritos como obrigatórios pela Norma Regulamentadora Rural nº 4 (Ministério do Trabalho e Emprego) e pelas normas internas da empresa. A principal estratégia desenvolvida pelos trabalhadores foi emborrachar o cabo do facão com o objetivo de minimizar o efeito da falta de aderência entre a luva de proteção e o cabo da ferramenta. A metodologia utilizada no presente estudo foi analisar qualitativamente, através da aplicação de questionários, quatro modelos de luvas junto a 47 trabalhadores, além de analisar quantitativamente o coeficiente médio de atrito estático (µ) desenvolvido entre as luvas e a madeira com que é confeccionado o cabo do facão. Os experimentos foram feitos com madeira limpa e emborrachada e com luvas novas e usadas. A pesquisa qualitativa apontou a luva de proteção de raspa de couro e nylon como a preferida dos trabalhadores, pelo conforto advindo do fato desta luva se ajustar bem às mãos, de não prejudicar os movimentos e não ocasionar danos às mãos. O coeficiente de atrito estático (µe) depende do tipo de luva, da condição da luva e do tipo de superfície.

A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) aplicada ao trabalho na agricultura: experiências e reflexões

“…Trabalho, a agricultura é um dos três setores de atividade mais perigosos -os outros dois são a construção civil e a mineração -, sujeitando o trabalhador a um conjunto variado de fatores de risco de natureza física, química, mecânica e ergonômica (INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION, 2009). A inadequação dos equipamentos de proteção individual utilizados na agricultura é um fator relevante na precarização das condições de trabalho (VEIGA et al, 2007;GONZAGA;ABRAHÃO;BRAUNBECK, 2005). Segundo Pinzke (1997), as estatísticas internacionais indicam que a agricultura é o segmento econômico com a mais alta prevalência de problemas osteomusculares.…”

RISCOS PARA A SAÚDE E BOAS PRÁTICAS DE SEGURANÇA DO TRABALHO NO CORTE MANUAL DA CANA-DE-AÇÚCAR (Saccharum spp.): UMA REVISÃO DE LITERATURA

“…Gonzaga et al (29) conduziram um estudo sobre o uso dos equipamentos de proteção individual durante a execução da atividade de cortar manualmente a cana-de-açúcar em uma usina da região de Araraquara, São Paulo. Os resultados obtidos pelos referidos autores demonstraram que 79,4% dos trabalhadores apontaram que o uso da luva de proteção atrapalhava a execução do trabalho, o que segundo eles pode ser atribuído a alguns fatores, como: na execução do corte manual da cana-de-açúcar, é necessário usar o facão em contato com as luvas de raspa de couro, porém o cabo do facão não tem aderência à luva, de modo que o uso desse conjunto pode facilitar a ocorrência de acidentes; em contato com a sacarose e as cinzas presentes na cana-de-açúcar, a luva se torna rígida, o que leva a formação de calos, bolhas e rachaduras nas mãos dos cortadores; um outro problema é o tamanho das luvas, que normalmente é inadequado para o tamanho das mãos dos trabalhadores; as luvas também pressionam as unhas, gerando forte incômodo; ainda, os trabalhadores relataram que é necessário muito esforço para conseguir segurar o facão junto às luvas, o que pode levar a dormência nas mãos e dores nos braços e nas costas.…”

Dificuldades de mulheres que trabalham em canteiros de obras: necessidades de aprofundamentos

“…No levantamento de Gonzaga (2002), é abordado que considerável número de trabalhadores referem os EPIs como desconfortáveis e interferentes no desempenho das atividades. Em soma, fica compreendido que, durante a análise de uso dos EPIs, não se pode desconsiderar o amplo conjunto de usuários cujas caraterísticas físicas variam sobremaneira.…”