Inicialmente, apresento alguns estudos no campo das ciências sociais que discutem sobre a percepção de risco na sociedade contemporânea. Serão abordadas as relações de poder envolvidas no debate entre as percepções perita e leiga de risco, bem como a atribuição de sentidos diversos aos riscos ambiental e social enquanto um mecanismo classificatório nativo produtor de identidade e diferença. Com base nessa literatura, ao final do artigo eu problematizo o contexto etnográfico da população do bairro Parque Santa Cruz, na periferia de Goiânia-GO, cuja área servia como um grande lixão da cidade num período anterior à chegada das primeiras famílias. Apesar das ameaças à saúde dos moradores, à estrutura de suas casas e ao meio-ambiente – provocadas pela decomposição do lixo sob o terreno –, uma política de Estado com vistas à regularização fundiária dos imóveis do bairro vem se consolidando.