"Quando o inimigo te abraça com entusiasmo...": etnografia de uma traição

Abstract

Quando o inimigo te abraça com entusiasmo e teus concidadãos te rejeitam com rancor, é difícil que não te perguntes se não és, na realidade, um traidor (Ursula Kroeber Le Guin, Os Despossuídos). IntroduçãoOs preparativos para a comemoração estavam quase no fim, quando chegou a notícia da derrota. Haviam interditado a rua onde fica a sede do Partido e montado um tablado onde aconteceria o "baile da vitória". Cerca de trezentas pessoas já tinham chegado e dado início a um clima festivo, com bumbos e batucadas, consumindo boa parte da cerveja e do vinho, generosamente calculados. A vitória estava de tal forma garantida que o Partido sequer organizara a totalização eletrônica dos votos para sistematizar as informações eleitorais trazidas pelos fiscais. Nas palavras de um militante 1 : "estávamos tão seguros de que ganharíamos que nem mesmo ligamos o computador".No entanto, às 20 horas, os resultados finais são divulgados: o Partido acabava de perder a Prefeitura por um punhado de votos. Rapidamente, a alegria transforma-se em estupor e desolação. Homens e mulheres choram, enquanto uns poucos tentam consolar os demais, argumentando que o Partido ganhara nos planos nacional, provincial e departamental. Porém, perdera-se a Prefeitura, perdera-se o povo, e o sentimento dominante não podia ser outro senão o de derrota.Uma hora mais tarde, o candidato a prefeito derrotado vai cumprimentar o vencedor. Quando retorna à sede do Partido, fala brevemente a seus partidários, abrindo caminho para o discurso do líder do Partido. Este ressalta as virtudes do candidato, promete uma volta triunfal à Pre-

“I Embrace You with the Affection and Loyalty of Always”: Personalism and Exchange in Argentine Populism

“…My work is most inspired by ethnographic engagements with Peronism that have foregrounded the primacy of loyalty, solidarity, and obedience in the Peronist cosmology (Auyero 2001; Balbi 2007; Frederic 2008), as well as work that has been attentive to the crises of distrust that erode bonds of Peronist fellowship. This latter literature elucidates how distrust manifests as accusations of infiltration and betrayal that foment sectarian divides (Boivin, Rosato, and Balbi 1998; Sigal and Verón 1986).…”

“There are traitors among us”: On the Emotional Vicissitudes of Populist Politics

“…Yet this world of political brotherhood is not free of the demonizing rhetoric so central to the populist style. Rather, the antagonistic frontier, which supposedly separates Peronists from non‐Peronists, threatens the ostensibly loving world of Peronist fellowship; in moments of transition or crisis, the world of Peronist militancy becomes suffused with mistrust, suspicion, and even accusations of betrayal (see Auyero, 2001; Balbi, 2007; Boivin, Rosato, Balbi, 1998; Frederic, 2004; Quirós, 2016; Sigal and Verón 2014 [1986]). The glue that holds fellowship together dissolves, as the heterogeneous elements comprising the populist coalition begin to view one another as “rival hegemonic projects” rather than allies (Laclau, 2005, p. 131).…”

Etnografía dentro y fuera de los estudios migratorios: una revisión pertinente

“…De manera paralela tuvo lugar la expansión colonial de Occidente sobre otros pueblos, culturas y territorios, dando paso a nuevos encuentros interculturales. Estos últimos despertaron una actitud de extrañeza hacia pueblos y culturas diferentes a la europea, pero, a diferencia de encuentros anteriores, como en el caso de la colonización de América, estos pueblos y culturas se constituyeron en objetos de investigación (Boivin;Arribas, 2004). Fue así como los primeros etnólogos buscaron, en el hilo común de la historia de la humanidad, organizar la información dispersa sobre aquellas culturas exóticas que les llegaban a través de comerciantes, misioneros y funcionarios coloniales (Guber, 2001).…”

“…Discutieron entonces, que los datos debían ser obtenidos de primera mano y que el etnólogo debía ser el encargado de buscar en esas otras sociedades los datos que le permitirían construir teorías (Boivin;Arribas, 2004). Así, llegaron a la conclusión de que solo a través del trabajo de campo in situ se podría obtener información fehaciente sobre las costumbres de las sociedades estudiadas.…”