"Servindo a Lúcifer e não a Clio": a retórica da suspeição e da deslegitimação profissional na historiografia sobre o Oeste norte-americano (c. 1990-c.1995)

Abstract

Nos anos 1990, o campo historiográfico norte-americano da Western History foi palco de um debate intelectual intenso sobre o significado da história do Oeste para os Estados Unidos entre a chamada "New Western History" e seus adversários. Naquela conjuntura, uma das maneiras que estes usavam para atacar aquela era uma retórica da suspeição e da deslegitimação profissional que vinculava os new western historians aos fantasmas supostamente ameaçadores do "pós-modernismo" e da "desconstrução", por exemplo - mesmo que tais acusações fizessem pouco ou nenhum sentido. Pode-se dizer, assim, que tal retórica era um instrumento de combate pelo domínio dos lugares de produção da história do Oeste norte-americano.

O playground do passado: o videogame e a reificação da memória, do lúdico e do oeste americano (1971-2018)

“…No decorrer do século XX outras correntes historiográficas a desafiaram, repensando a Fronteira não como um processo diacrônico de expansão, mas sob um olhar sincrônico regional. Mas, foi somente após a crise da ideologia da Fronteira nos anos 1970, que, nos idos dos anos 1980, a chamada escola New Western conseguiu com que a perspectiva de Turner perdesse legitimidade considerável na academia299 .Os historiadores do movimento New Western procuraram escrever com uma preocupação voltada à chamada environmental history e à diversidade cultural que compunha o Oeste. Tratava-se de trazer à tona diversos grupos sociais anteriormente deixados de lado, como os próprios nativos americanos, mas também as mulheres, as populações negras, hispânicas, bem como a ocupação judia ou a intensa colonização francesa na Louisiana.…”