Para os estudos decoloniais latino-americanos, a noção de colonialidade de poder é de fundamental importância para entender que o mundo não foi totalmente descolonizado, já que a primeira descolonização foi incompleta -ocorrida nos séculos XIX nas colônias espanholas e portuguesa das Américas, e, no século XX, nas colônias inglesas, francesas e portuguesas na Ásia e na África, limitada apenas à independência jurídico-política dos países. Quijano ( 2005) explica que o período colonial na América Latina não pode ser confundido com colonialidade, pois, colonialismo diz respeito às relações coloniais com administração colonial, enquanto colonialidade se refere à reprodução das relações coloniais e do imaginário racista após a administração/ independência colonial, mantendo, em grande parte, intacta a hierarquia colonial, fundamentada pela ideia de raça. Nesse sentido, a colonialidade de poder nos remete a um cenário no qual os brancos lutam contra a colonização, mas mantêm intacta a hierarquia racial sobre indígenas e negros. Portanto, trata-se de um cenário de independência sem descolonização, no qual há mais repetições no que se refere ao período colonial do que rupturas. Nessa perspectiva, a pequena minoria branca no