Gênero, história e medicalização do parto: a exposição “Mulheres e práticas de saúde”

Abstract

Resumo Com a institucionalização da medicina no parto ocorre um deslocamento de gênero. No final do século XIX, ao mesmo tempo que as parteiras sofrem a marginalização e desqualificação de seu ofício, as mulheres lutam para conquistar acesso ao ensino superior nos cursos de medicina. Ainda na primeira metade do século XX, a escassez de mulheres nas faculdades de medicina é grande, assim como é relevante a atuação das parteiras, inclusive em contextos hospitalares. Parte dessa história está materializada na exposição “Mulheres e práticas de saúde”, do Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul. Nosso objetivo é destacar a valorização desses saberes e práticas no Brasil junto à população por meio da educação não formal em museus.

What Difference Gender Makes: Obstetricians in Nineteenth-Century Brazil

“…In that scenario, reducing medical intervention in childbirth meant to fight against "the oppressive attitudes of paternalistic and misogynistic doctors" [16]. Social science literature still refers to this process as a conflict between "institutionalized male knowledge and female tacit wisdom," represented by the physician and the midwife [17]. Thus, gender is a widespread presence in the scholarship on the process of medicalization of childbirth.…”

Atuação Da Enfermagem No Uso De Métodos Não Farmacológicos Para O Alívio Da Dor Durante O Trabalho De Parto/ Ursing Performance in the Use of Non-Pharmacological Methods for Pain Relief During Child Labor

“…A assistência ao parto normal, no país, atualmente se caracteriza por um alto número que atividades intervencionistas que acabam se restringindo ao ambiente hospitalar. Dessa forma, o parto que é para ser considerado um evento natural, subjetivo e singular de concepção da vida humana, acaba sendo visto como patológico, o que é desvantajoso tanto para a mãe quanto para o bebê por serem submetidos a procedimentos desnecessários 1,2 .…”

“…Levando em consideração esse aspecto e outros que oferecem um certo sentimento de medo e esquiva por parte das mulheres no momento da escolha pelo tipo de parto vaginal, o Ministério da Saúde (MS) criou as Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal no ano de 2017. Essas diretrizes para qualificar a assistência prestada a gestante, de forma que auxilie a mesma na escolha do tipo de parto, e contribua na prestação de uma assistência humanizada e que diminua os riscos e traumas que a gestante possa estar exposta 1,6 .…”

“…Dentre essas medidas estão inclusas: a imersão em água, técnicas de relaxamento, massagens, acupuntura, musicoterapia, hipnose e a aromaterapia. Ainda é ressaltado que de preferência esses métodos não farmacológicos devem antecederem os farmacológicos 1 .…”

A singularidade que cuida como conceito ferramenta na arte de partejar: narrativas de parteiras tradicionais

“…Novas técnicas, incluindo o uso do fórceps, ajudaram a dar sustentação à presença masculina nesse contexto e à mudança do local da chegada da vida e do nascer, ampliando o afastamento das mulheres, que estavam majoritariamente envolvidas na cena do parto. Em um campo de força, no tocante à linha hegemônica do saber médico, a mulher seguiu perdendo o protagonismo no processo parturitivo, a interação afetiva e as decisões sobre o seu corpo, tendo em vista que a gravidez e o parto foram tomando o lugar de eventos anatomopatológicos (Leal, et al, 2021, Palharini & Figueirôa, 2018, Brenes, 1991.…”