Antes de tudo, cabe lembrar que o Brasil é um país de dimensões continentais, com uma enorme diversidade biológica relacionada aos vários biomas existentes em seu território, uma comunidade cientifica com intensa produção, inclusive internacional, em diversas áreas do conhecimento, uma economia com um mercado consumidor não desprezível e com uma atividade industrial e agrícola intensa que atrai investimentos financeiros estrangeiros e grandes empresas multinacionais. Tudo isto tendo que conviver com (ainda) importantes níveis de desigualdades socioeconômicas colocando em situação de vulnerabilidade socioambiental uma grande parte da sua população. Enfim, estaremos tratando do diálogo entre o campo da ciência e da política dentro do contexto de grandes complexidades.Nossas pesquisas têm observado e concluído que existe uma dificuldade do diálogo entre os diversos atores da governança ambiental e que estratégias, na maioria das vezes não institucionalizadas, são colocadas em pratica como tentativa de facilitar a comunicação entre eles. Esta comunicação pretende apresentar e discutir algumas experiências observadas durante o desenvolvimento de nossos estudos, estratégias estas que pretendem facilitar a comunicação, em especial, entre os formuladores de politicas públicas ambientais e a comunidade cientifica brasileira. Algumas vezes, estas estratégias são mediadas por atores tendo uma atuação mais transversal, como veremos adiante, tal como um "Science communicator". Nossa visão parte, portanto, de pesquisas que foram e que estão sendo feitas, desde 2007, no âmbito de dois grupos de pesquisas, o CINAIS/UFRRJ e o NEUS/UVV-ES, pesquisas sobre o uso do conhecimento, principalmente, o cientifico, relacionado a duas questões ambientais: a conservação da biodiversidade e as mudanças climáticas. Independente da importância destes temas na Contemporaneidade, a sua escolha se deve ao fato de que o Brasil tem assumido compromissos na arena internacional que fazem com que ele tenha que cumpri-los internamente através da adoção de políticas públicas.Nossos estudos têm apontado para o pouco recurso aos conhecimentos ou às evidências científicos de modo institucionalizado, principalmente, com relação a estas temáticas ambientais diferentemente como parece ocorrer em outros países, com destaque, os países da União Europeia ou os Estados Unidos. Algumas críticas são feitas com relação a cientifizaçao da politica sugerindo que a sociedade deveria se interrogar mais sobre o papel da ciência bem como sobre formas de mediação facilitando a integração do conhecimento científico no processo de formulação política. 1 Esta critica nos remete a questão da eficácia das ações do Estado, principalmente, no âmbito da governança ambiental. No Brasil, a não institucionalização do uso do conhecimento científico se apresenta como um fator, contribuindo para a dificuldade na comunicação entre a Ciência e a Política, provoca alguns ruídos. Podemos citara dificuldade de integração ("mainstreaming") de estratégias de conservação da