1995
DOI: 10.1590/s0104-59701995000100004
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Chagas, a lógica e a descoberta

Abstract: O artigo examina como o acaso e o erro estão à raiz da descoberta de Chagas sobre a nova entidade mórbida que tomou seu nome. Do ponto de vista da epistemologia histórica, se faz uma reavaliação dos caminhos tomados pela pesquisa de Chagas, lançando dúvidas sobre a versão que se tornou oficial e concluindo que a lógica da história contradiz o direito da lógica.

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“…A identificação de objetos e fluxos no contexto da descoberta da Doença de Chagas permitiu traçar uma dimensão factual de sua constituição, tornando-se possível identificar aspectos como processos, agentes e seus relacionamentos. Essa dimensão foi estruturada a partir de uma pesquisa bibliográfica sobre a história da Doença (CARVALHEIRO et al, 2009;COUTINHO;DIAS, 1999;DELAPORTE, 1994;LACERDA, 2009;LEWINSOHN, 1979), com o intuito de delinear um encadeamento cronológico pelo qual a descoberta foi realizada, isto é, a sequência de eventos relacionados à identificação, pesquisa e divulgação da nova doença.…”
Section: O Domínio a Ser Representadounclassified
“…A identificação de objetos e fluxos no contexto da descoberta da Doença de Chagas permitiu traçar uma dimensão factual de sua constituição, tornando-se possível identificar aspectos como processos, agentes e seus relacionamentos. Essa dimensão foi estruturada a partir de uma pesquisa bibliográfica sobre a história da Doença (CARVALHEIRO et al, 2009;COUTINHO;DIAS, 1999;DELAPORTE, 1994;LACERDA, 2009;LEWINSOHN, 1979), com o intuito de delinear um encadeamento cronológico pelo qual a descoberta foi realizada, isto é, a sequência de eventos relacionados à identificação, pesquisa e divulgação da nova doença.…”
Section: O Domínio a Ser Representadounclassified
“…Analisando especificamente a questão da descoberta da tripanossomíase americana, François Delaporte (1994) contrapõe-se frontalmente a tal interpretação, afirmando que nenhuma orientação prévia capaz de conduzir Chagas a vincular diretamente o inseto e o parasito a uma doença presidiu a descoberta desta, não só porque os conceitos da medicina tropical quanto ao ciclo dos parasitos ainda não estavam plenamente consolidados, mas porque a hipótese inicial de Chagas para o protozoário encontrado no barbeiro, descartada com a experiência em Manguinhos, não guardava qualquer relação com a patologia humana, pois supunha tratar-se de forma evolutiva de um parasito natural de macacos comuns naquela região e que ele próprio acabara de descrever como Trypanosoma minasense (Chagas, 1908). Para Delaporte, somente após a experiência realizada no Instituto Oswaldo Cruz, Chagas teve condições de pensar na possibilidade de uma doença humana.…”
Section: Introductionunclassified
“…A hipótese central deste autor é a de que a descoberta da doença de Chagas foi conseqüência não apenas do acaso mas do desvio de uma linha de raciocínio equivocada. Em sua concepção, a versão construída por Chagas de que pressentira a existência de uma nova doença -e que portanto, ao encontrar o protozoário no barbeiro, logo pensou que poderia tratar-se do parasito que a provocava -constitui uma "reconstituição historicamente falsa" (Delaporte, 1994), visando evitar o constrangimento de admitir que descobrira, a partir de uma hipótese errada, algo que não procurava. Segundo o autor, Chagas acabou apagando os traços do acaso e do erro no processo de sua descoberta, em nome de uma intencionalidade construída a posteriori, para evitar que aquelas circunstâncias pudessem ser usadas por seus críticos como argumento para enfraquecer o mérito de seu feito científico.…”
Section: Introductionunclassified