As experiências de mulheres jovens no processo do aborto clandestino – uma abordagem sociológica

Abstract

Este artigo, baseado em pesquisa qualitativa, compatível com o tratamento do tema do abortamento clandestino como fenômeno social complexo, apresenta a experiência de mulheres jovens que recorreram ao aborto clandestino. Entrevistas semiestruturadas foram realizadas com 16 mulheres jovens, de 18 a 29 anos, atendidas em serviço público de saúde da família. Das 44 gravidezes dessas jovens, a metade foi ao aborto. Os resultados mostraram que a ocorrência dos casos de aborto foi maior em gravidezes resultantes de relações instáveis e com parceiros diferentes, em condições de dificuldades financeiras, podendo este ser considerado como o fim da linha de um processo da "desfiliação", em contextos nos quais o desemprego e a pobreza fragilizam as relações familiares, e essas não conseguem ter sustentabilidade.

Aspectos psicossociais da sexualidade na adolescência: diálogos e aprendizagem na escola

“…Sobre o despreparo percebido na colocação dos preservativos masculino e feminino, é importante evidenciar que as adolescentes estão mais propensas às doenças e ao óbito por aborto clandestino, visto que ocorre um risco maior de exposição às complicações do aborto, o que evidencia a necessidade de maiores orientações de caráter preventivo e educacional, principalmente no âmbito das escolas CARVALHO;DIAS et al, 2015;PAES, 2014).…”

The experience of women with abortion during adolescence as demanded by their mothers

“…Therefore, the repercussions of an abortion in the lives of women go beyond those revealed by statistical data because an abortion is an event permeated with personal and social conflicts. The results of studies addressing the experiences of women with abortion show that the main reasons women opt for an abortion include economic difficulties in addition to a lack of support on the part of partners and/or family (9)(10) .…”

Representações sociais de aborto para ginecologistas e obstetras da Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

“…Além da elevada taxa de mortalidade, o aborto inseguro representa uma importante causa de morbidade. Ao realizarem o aborto de forma insegura através de métodos caseiros e/ou medicamentos clandestinamente comercializados, como o Misoprostol, muitas mulheres podem sofrer dores, cólicas, febre, sangramentos, hemorragias ou outras complicações que requerem tratamento [5][6][7] . Durante o período de 1995 até 2007, a curetagem para remoção de restos de aborto e tratamento de suas complicações esteve no topo do ranking -238.000/ano -de hospitalizações de mulheres em serviços de saúde 8 .…”

“…Em termos de estrutura, os serviços de aborto legal contam com baixa cobertura, estando ausentes em 7 estados 9 . Já em termos de qualidade, a literatura tem sistematicamente relatado práticas exercidas por médicos(as) e outros profissionais de saúde, que caracterizam violência institucional, como julgamentos, discriminação, castigos, maus-tratos e manejo inadequado da dor física e psíquica [5][6][7]10,11 . Em casos de gravidez decorrente de estupro, muitas mulheres enfrentam suspeição ao seu relato 12 .…”