“…A pesquisadora apresenta passagens nas quais fica explícito, por um lado, o prestígio do homem que sabe conquistar as mulheres; por outro, que é considerado honrado o homem que consegue preservar a castidade das filhas e a fidelidade da mulher: "Quando o valor social em questão é a moral sexual, mais uma vez, a honra do homem coloca-se para além dele, tornando-se extensiva e mesmo dependente do comportamento da mulher" (Dutra, 1998, p. 96). Liebel (2008) afirma que o princípio da inferioridade feminina encontra expressão máxima na figura da esposa, que, para a proteção de si mesma e para o benefício do homem, deve ser confinada ao lar e a uma sexualidade com fins de procriação e sem recurso ao prazer. Cumprir obedientemente esse papel na estrutura doméstica de poder, portanto, é o destino último das meninas, que, como nos lembra Chimamanda N. Adichi (2015), são educadas para a docilidade e para a obediência; não para o conflito, mas para a conciliação.…”