Modelos nacionais e regionais de família no pensamento social brasileiro

Abstract

Além do que, interessa-nos apontar como são apropriadas, no plano mesmo do pensamento social, as obras depois consideradas mestras pelas reconstruções posteriores da história do tema família. Ou seja, identificar a leitura de textos considerados clássicos quando utilizados como referências comparativas por autores também preocupados em interpretar a nação por meio de ocorrências particulares da família em regiões qualificadas em seu espaço social e físico. Os balanços críticos recentes Os balanços críticos recentes Os balanços críticos recentes Os balanços críticos recentes Os balanços críticos recentesInvariavelmente, os textos que revisam a história da família no Brasil colocam na categoria de clássicos fundadores Gilberto Freyre (com Casa grande & senzala, de 1933), Oliveira Viana (com Populações meridionais do Brasil, de 1920), Antonio Candido ("The Brazilian Family", de 1951) e -menos lembrado -Sérgio Buarque de Holanda (com Raízes do Brasil, de 1936). As idéias de Freyre são reconhecidas como decisivas na configuração do modelo patriarcal da família brasileira. O reposicionamento das pesquisas contemporâneas faz-se em oposição ao retrato da família patriarcal destacado por esses textos prestigiados. Vejamos em que consistem tais questionamentos e relativizações dos clássicos.O diagnóstico central diz que a família patriarcal consagrada em tais escritos impõe uma concepção única e genérica da família brasileira. 1Aparece aí como um "tipo fixo", que "se instala nas regiões onde foram implantadas as grandes unidades agrárias de produção -engenhos de açúcar, fazendas de criação ou de plantação de café". Reclama-se da descrição homogênea do espaço das relações sociais no Brasil colonial, bem como da ênfase no modo de ocupação do território pela lógica do engenho ou da fazenda de grande porte. 3 O parâmetro da família patriarcal é construído, sobretudo, pela revelação do modo como se davam as relações entre brancos e negros sob a autoridade do senhor branco proprietário e chefe de família. Outro tema relevante no enredo patriarcal dedica-se a localizar a mulher (branca e negra) no conjunto de papéis hierarquicamente posicionados para os atores da trama cotidiana entre a casa e a senzala.Assim, o que seria uma situação localizada no tempo e no espaço é convertida em matriz para a sociedade colonial inteira, no período que se estende do século XVI ao XIX, de acordo com os formuladores primeiros dessa imagem da família brasileira. Mariza Corrêa, ao abordar o tratamento dado à família na obra de Gilberto Freyre e Antonio Candido, 1 SAMARA, 1987, p. 30; SAMARA, 1997, p. 9-10. 3 CORRÊA, 1993, p. 16-17. 2 CORRÊA, 1993, p. 15 considera que, em ambos, "se o tempo concedido à sua dominação é por demais amplo, o espaço social onde se inscrevem essas unidades familiares é demasiado estreito". 4 Eni Samara observa, no mesmo sentido, que no modelo genérico de estrutura familiar foram "esquecidas as variações que ocorrem na organização da família em função do tempo, do espaço e dos diferentes grupos sociais". 5E...

Socioeconomic and cultural features of consensual unions in Brazil

“…Generally, while consensual unions were common among the lower social strata until the middle of the 20 th century, the institutions of marriage and the family among the upper classes were based on hierarchic, authoritarian and patriarchal relationships, under the strong influence of Catholic-based morality (FREYRE, 2000). Moreover, many demographers and historians point to a notable variance in terms of family compositions and roles among different social strata and regions of the country (ALMEIDA, 1987;CORRÊA, 1993;SAMARA;COSTA, 1997;SAMARA, 1987;SOUZA;BOTELHO, 2001). It is now well accepted in the Brazilian social sciences that the influence of the Catholic Church on family life, the patriarchal model of family and gender and ethnic relations inside the family, all vary considerably across Brazilian regions and social classes (SAMARA, 2010;SOUZA;BOTELHO, 2001).…”

Couples' joint decision-making: the construction and validation of a key proxy for understanding gender relations in contemporary families

“…The patriarchal model described by Freyre serves as an excellent illustration of families from the higher social classes, mainly those of sugar cane owners in the Northeastern Region of Brazil during the colonial period (from the 16 th to the late 19 th centuries; SAMARA, 1987SAMARA, , 1997. However, many demographers and historians have argued that there was considerable variation in terms of family compositions and roles over different social strata and regions in the country (SOUZA et al, 2001;SAMARA, 1997SAMARA, , 1987CORRÊA, 1993;ALMEIDA, 1987). It is now generally understood in Brazilian social sciences that the influence of the Catholic Church on family life, on the patriarchal model of family and gender, and on ethnic relations in families all vary considerably across Brazilian regions and social classes (SOUZA et al, 2001;SAMARA, 2002).…”

“…During this period, while husbands went in groups into the wilderness, wives took care of the children and the household unit as a whole. This system fostered less hierarchical family relationships than those practiced in the North and Northeast (SOUZA et al, 2001;SAMARA, 1997SAMARA, , 1987CORRÊA, 1993;ALMEIDA, 1987).…”

“…It is a well-known fact that socioeconomic factors are related to family relations and outcomes (for a review of the international literature on the topic see CONGER, et al, 2010; for a discussion on regional differences in terms of family relations in Brazil, see SOUZA et al, 2001;SAMARA, 1997SAMARA, , 1987CORRÊA, 1993;ALMEIDA, 1987). Consequently, the invariance of latent concepts across different Brazilian regions should be assured before these concepts can be reliably compared.…”

Family therapy in Brazil: Current status

“…Brazil is a country of continental proportions and also of profound regional particularities, which also adds complexity to the understanding and conceptualization of the typical family (Souza & Botelho, 2001). Traditionally it has been composed of parents and children, but in the last four decades it is more accurate to say that therapists deal with a myriad types of families.…”